A freqüência e a intensidade da resistência de Myzus persicae (Sulz.) a inseticidas foram avaliadas em duas áreas localizadas no município de Ibicoara, BA, onde as aplicações com inseticida falharam no controle do afídeo. Em uma das áreas com a cultura em sua fase final, foram feitas duas aplicações de pirimicarbe, com intervalo de quatro dias, enquanto a outra não recebeu pulverizações. Foram feitas seis coletas ao acaso, de 700 afídeos cada, antes e após as aplicações e também na área não tratada e em plantas voluntárias (plantas que nasceram espontaneamente em áreas cultivas com batata em safras anteriores) de batata. No laboratório, foi estimada a CL50 das populações de campo, que foram posteriormente submetidas à avaliação de esterases totais através de teste colorimétrico. Após as aplicações de pirimicarbe, a freqüência da população suscetível (S), moderadamente resistente (R1) e das populações mistas (S/R1) reduziu-se de 36,6 para 9,9; 12 para 7,5 e 11,4 para 5,9%, respectivamente. As populações altamente resistente (R2), extremamente resistente (R3) e a mista R1/R2, entretanto tiveram a sua freqüência elevada após as aplicações (17,7 para 36,7; 2,3 para 9,1 e 20 para 30,8%, respectivamente). A sobrevivência de indivíduos S foi devida, possivelmente, ao incremento da movimentação para evitar o contato com o inseticida. Todas as mudanças na freqüência de indivíduos resistentes e suscetíveis de M. persicae refletiram-se na CL50 e na razão de resistência (RR), demonstrando a sensibilidade do bioensaio. Na área não tratada com pirimicarbe observou-se alta freqüência de R2 + R3 (86,9) e R1/R2. A alta freqüência de populações de M. persicae resistentes a inseticidas e a elevada intensidade da resistência observadas nesta pesquisa podem estar ligadas à seleção de indivíduos resistentes e à entrada de migrantes alados resistentes provenientes das plantas voluntárias , que apresentaram freqüência de R2 + R3 (81,4%).
The frequency and intensity of Myzus persicae (Sulz.) resistance were studied using bioassays and biochemical tests in two potato crops in Ibicoara, Bahia. Both areas received several insecticide applications which failed to control M. persicae. By the end of the crop season, one of the areas received two applications of pirimicarb and the other was not sprayed. Six samples of 700 aphids each were randomly collected before and after the pirimicarb applications, with an interval of four days. Specimens of M. persicae were also collected from isolated potato plants. At the laboratory, the samples were characterized by the CL50 based on insecticide bioassays and by total esterase activity using colorimetric assays. After the pirimicarb applications, the susceptible (S), the moderate resistant (R1) and mixed S/R1populations presented decreasing resistance frequencies (from 36.6 to 9.9; 12,0 to 7.5 and 11.4 to 5.9%, respectively). On the other hand, high resistant individuals (R2), extremely resistant (R3), and mixed populations of R1/R2 had increasing frequencies (from 17.7 to 36.7%; 2.3 to 9.1%, and 20.0 to 30.8%, respectively). The survival of S individuals was probably due to their wandering behavior on the plants to avoid sprayed areas. All changes in frequency were reflected in the LC50 and in the resistance ratio (rr). In the pirimicarb untreated area, high frequencies of R2, R3 and R1/R2 were observed. High frequency and resistance intensity of M. persicae in areas under intensive insecticide applications can be related to the selection of resistant populations and due to the entrance of winged migrants from spontaneous plants, where the frequency of R2+R3 was 81.4%.