Resumo Devido à sua natureza séssil, as plantas desenvolveram diversos mecanismos para manter sua reprodução e se defender em condições estressantes. Tanto o metabolismo primário quanto o secundário são afetados por mudanças ambientais nas diferentes fases de desenvolvimento vegetal. Sendo assim, é importante conhecer os mecanismos de defesa e resistência às intempéries ambientais de plantas adaptadas às diversas condições ambientais, a exemplo de Parkia platycephala. Essa espécie é endêmica do Brasil e apresenta diversas potencialidades de uso para fins farmacológicos, forrageiro, madeireiro, ornamental e ecológico. Dessa forma, este trabalho se propõe a analisar a relação entre sazonalidade climática, fenologia e fisiologia de Parkia platycephala. O estudo foi conduzido em área de Cerrado sensu stricto, na região da Serra da Bandeira (12º05’S e 45º02’W), Barreiras, Bahia. As fases fenológicas de Parkia platycephala foram observadas mensalmente, seguindo a metodologia de Fournier. O material vegetal (folhas) para as análises fisiológicas foi coletado dos mesmos indivíduos selecionados para fenologia, dos quais foram quantificados pigmentos fotossintéticos, teor de fenóis totais, atividade antioxidante, teor de açúcares solúveis totais (AST), açúcares redutores (AR) e açúcar não redutor (ANR). Parkia platycephala apresentou padrão vegetativo semidecidual sazonal e um padrão reprodutivo anual. A baixa disponibilidade hídrica foi o fator ambiental que mais afetou os processos fisiológicos, diminuindo a produção de clorofila a e carotenoides e promovendo o aumento na produção de clorofila b, fenóis totais e carboidratos solúveis não estruturais. No geral, a atividade antioxidante não enzimática em Parkia platycephala foi alta, sendo 3,66 vezes superior ao ácido ascórbico (Vitamina C). Dessa forma, a espécie demostrou possuir mecanismos eficazes para manter seus processos fisiológicos ativos suportando a seca e a intensa insolação durante o ano, porém a produção de carboidratos é afetada por essas variações ambientais refletindo negativamente sobre as suas fenofases, principalmente sobre a fenofase reprodutiva.
Abstract Plant species have developed a great number of mechanisms to maintain their reproduction and defend themselves during stressful conditions. Both primary and secondary metabolisms are affected by environmental changes at different stages of plant development. Thus, it is important to know plant defense and resistance mechanisms to environmental variations adapted to different environmental conditions. Parkia platycephala is an endemic species to Brazil and has several potential uses for pharmacological, forage, wood, ornamental and ecological purposes. Herein, we analyzed the relationship between climatic seasonality, phenology and physiology of Parkia platycephala. The study was carried out in a Cerrado sensu stricto area located in the region of Serra da Bandeira (12º05’S and 45º02’W), Barreiras, Bahia, Brazil. The phenological phases of Parkia platycephala were observed monthly following the methodology of Fournier. Leaves from the same individuals selected for phenological evaluations were sampled for physiological analyzes and the photosynthetic pigments, total phenol content, antioxidant activity, total soluble sugars (TSS), reducing sugars (RS) and non-reducing sugar (NRS) were quantified. Parkia platycephala presented a seasonal semi-deciduous vegetative pattern and annual reproductive pattern. The low water availability was the main environmental driver which most affected the physiological processes, reducing chlorophyll a and carotenoid production and promoting an increase in chlorophyll b, total phenol and non-structural soluble carbohydrate production. The non-enzymatic antioxidant activity in Parkia platycephala was high, presenting 3.7-times higher values than ascorbic acid (Vitamin C). Thus, this species presents effective mechanisms to maintain its active physiological processes, supporting droughts and intense sunshine throughout the year; however, its carbohydrate production is negatively affected by environmental shifts, thereby reflecting their phenophases, specifically on the reproductive phenophase.