Em dois estudos examinámos o efeito de foco de um cenário (i.e., o facto de uma dada personagem ser a protagonista da história) em dois domínios interligados: a geração de pensamentos contrafactuais e a atribuição de culpa. Foi hipotetizado que ser o agente focal de uma história não só levaria a mais contrafactuais centrados sobre esse agente, como também a maiores atribuições de culpa ao mesmo, uma vez que seria mais fácil imaginar como o actor poderia ter agido de outra forma se o tivesse escolhido ou desejado, e assim ter evitado um desfecho negativo. Foram criados diferentes cenários de valência negativa que descrevem um dado infortúnio tal como um assalto, nos quais vítima, agressor, ou ambas as personagens eram o centro da história. Os resultados mostraram que colocar tanto vítima como agressor como protagonista de um cenário aumenta o número de pensamentos contrafactuais centrados nessa personagem, mas tal não aumenta necessariamente a culpa atribuída visto que o agressor foi sempre mais culpado do que a vítima, independentemente de quem era o protagonista do cenário. Os resultados do Estudo 2 replicaram os do Estudo 1, mesmo com um diferente desenho experimental, materiais modificados e diversas medidas de contrabalanceamento, assim sugerindo que ser o protagonista leva à mais fácil consideração de alternativas contrafactuais envolvendo esse actor, mas isso não impede o observador de identificar quem é verdadeiramente culpado por um dado infortúnio. Os resultados e as suas implicações foram interpretados de acordo com diferentes perspectivas teóricas e são discutidas possíveis futuras vias de investigação.
In two different studies we examined the focus effect of a scenario (i.e., the fact that a given character is the protagonist of a story) on two interconnected domains: the generation of counterfactual thoughts and the ascription of blame. It was hypothesised that being the focal agent of a story would not only lead to more counterfactuals centred on him or her, but also to greater ascriptions of blame as it would be easier to imagine how that actor could have behaved differently had he chosen or wanted to, and thus avoided a deleterious outcome. Different negatively-valenced scenarios depicting a certain misfortune such as a mugging were created in which victim, perpetrator or both characters, were the centre of the story. Results showed that placing either victim or perpetrator as the protagonist of a scenario increases the number of counterfactual thoughts centred on that character, but does not necessarily increase the blame attributed to him or her as the perpetrator was always ascribed more blame than the victim, irrespective of who was the protagonist. Study 2’s findings replicate those of Study 1 even with a different experimental design, modified materials, and various counterbalancing measures, hence suggesting that being the protagonist enables one to easily consider counterfactual alternatives involving that actor, but does not prevent one from identifying who is rightfully to blame for a given misfortune. The results and their implications were interpreted according to different theoretical perspectives and possible future avenues of research are discussed.