Este estudo objetiva organizar, a partir de uma revisão narrativa da literatura, uma cronologia da mineração industrial como projeto de desenvolvimento para a Amazônia brasileira, com foco no período de 1964 a 1997, incluindo antecedentes na década de 1940. Resultados preliminares indicam que a institucionalização da mineração industrial na Amazônia Legal foi impulsionada por marcos regulatórios e grandes projetos minerários, viabilizados por decisões estatais balizadas por uma lógica de ocupação e integração subordinada aos interesses de capital nacional e internacional. A análise histórica demonstra como, no pós-guerra, as jazidas amazônicas foram consideradas estratégicas para a segurança nacional, embora coexistissem com associações empresariais estrangeiras. Durante a ditadura militar, aprofundou-se essa ambivalência: a retórica de “integração para não entregar” articulou-se a megaprojetos de infraestrutura e abriu a região ao capital privado, sobretudo minerador, consolidando um processo de territorialização seletiva sustentado por regimes de exceção normativa. Exemplos incluem o Polamazônia, a proibição da garimpagem artesanal e a implementação do Projeto Grande Carajás. A criação da RENCA, sobreposta a territórios indígenas, evidencia o apagamento sistemático de populações e saberes locais. Nos anos 1990, as reações sociais e políticas, com a demarcação de Terras Indígenas, a implantação de Unidades de Conservação e a governança ambiental global (Rio-92), mostram que o território amazônico é também espaço de disputas e resistências. Reconhecer as desigualdades estruturais geradas por esse modelo é fundamental para repensar profundamente o futuro regional, exigindo o fortalecimento de direitos territoriais, o reconhecimento de saberes tradicionais e estratégias para relações socioambientais mais justas.
Through a narrative review of specialized literature, this study aims to organize a chronology of industrial mining as a development project for the Brazilian Amazon, focusing on the period from 1964 to 1997 and including antecedents from the 1940s. Preliminary findings indicate that the institutionalization of industrial mining in the Legal Amazon was driven by regulatory milestones and large-scale mining projects, enabled by state decisions aligned with an occupation and integration logic subordinated to national and international capital interests. The historical analysis shows how, in the post-war context, Amazonian mineral deposits were deemed strategic for national security, although they coexisted with foreign corporate partnerships. During the military dictatorship, this ambivalence intensified: the rhetoric of “integration to avoid surrender” was coupled with major infrastructure projects and the opening of the region to private, particularly mining, capital, consolidating a selective territorialization process supported by normative exception regimes. Examples include Polamazônia, the ban on artisanal mining, and the implementation of the Grande Carajás Project. The creation of RENCA, overlapping Indigenous territories, illustrates the systematic erasure of local populations and knowledge. In the 1990s, social and political responses, including Indigenous land demarcation, the establishment of Conservation Units, and global environmental governance efforts (Rio-92), reveal that the Amazon territory is also a space for disputes and resistance. Recognizing the structural inequalities generated by this mining model is crucial to profoundly rethinking the region’s future, requiring the strengthening of territorial rights, the acknowledgement of traditional knowledge, and the pursuit of more equitable socio-environmental relations.
Este estudio pretende organizar, a partir de una revisión narrativa de la literatura, una cronología de la minería industrial como proyecto de desarrollo para la Amazonia brasileña, centrándose en el período comprendido entre 1964 y 1997, incluyendo antecedentes en la década de 1940. Los resultados preliminares indican que la institucionalización de la minería industrial en la Amazonia Legal fue impulsada por marcos regulatorios y grandes proyectos mineros, posibilitados por decisiones estatales basadas en una lógica de ocupación e integración subordinada a los intereses del capital nacional e internacional. El análisis histórico muestra cómo, en la posguerra, los yacimientos amazónicos fueron considerados estratégicos para la seguridad nacional, aunque coexistieran con asociaciones empresariales extranjeras. Durante la dictadura militar, esta ambivalencia se profundizó: la retórica de «integración y no rendición» se vinculó a megaproyectos de infraestructura y abrió la región al capital privado, especialmente minero, consolidando un proceso de territorialización selectiva sustentado en regímenes de excepción normativa. Ejemplos de ello son Polamazônia, la prohibición de la minería artesanal y la implantación del Proyecto Grande Carajás. La creación de la RENCA, que se superpone a los territorios indígenas, pone de manifiesto la eliminación sistemática de las poblaciones y los conocimientos locales. En la década de 1990, las reacciones sociales y políticas, con la demarcación de las Tierras Indígenas, la implantación de las Unidades de Conservación y la gobernanza ambiental global (Río-92), mostraron que el territorio amazónico es también un espacio de disputas y resistencias. Reconocer las desigualdades estructurales generadas por este modelo es fundamental para repensar en profundidad el futuro regional, exigiendo el fortalecimiento de los derechos territoriales, el reconocimiento de los conocimientos tradicionales y estrategias para relaciones socioambientales más justas.