Este artigo busca retratar o terror que assomou os moradores brancos da cidade do Rio de Janeiro quando do êxodo crescente de africanos ocidentais da cidade de Salvador, na Bahia, para o Rio de Janeiro, principalmente após a derrota do levante malê de 1835. Discute também a questão das identidades políticas construídas pelos africanos ocidentais ocultas sob o manto de identidades "étnicas", geralmente muito mal discutidas pelos historiadores. Também debate o medo da "politização" do protesto escravo que assolou os senhores do Rio nos anos 1830, dentro do quadro maior de inconformismo com os políticos conservadores na Regência.
This article endeavors to describe the terror that engulfed the white inhabitants of the city of Rio de Janeiro at the time of the growing exodus of West Africans from the city of Salvador, state of Bahia, in a move to Rio de Janeiro, especially after the defeat of the Malê uprising in 1835. It also discusses the question of political identities constructed by West Africans, concealed behind a screen of "ethnic" identities, generally very badly handled by historians. Furthermore, it discusses the fear of "polarization" of the slave protest that was felt by slave owners of Rio in the eighteen thirties, within the larger picture of inconformity with the conservative policies enacted in the Regency.
Dans cet article, on cherche à rendre compte de la terreur qui s'empara des Blancs résidant à Rio de Janeiro lors de l'exode massif d'Africains occidentaux venant de la ville de Salvador, à Bahia, surtout après l'échec du soulèvement malê de 1835. Par ailleurs, on y discute la question des identités politiques construites par les Africains occidentaux dissimulées sous le couvert d'identités "ethniques", en général très peu discutées par les historiens. On y examine aussi la peur de la "politisation" des revendications des esclaves chez les propriétaires de Rio pendant les années 1830, dans le cadre plus large de l'insatisfaction envers les politiciens conservateurs de la Régence.