A dengue evoluiu de uma doença restrita a alguns países para um grave problema global de saúde pública, atingindo mais de 120 países nos últimos anos. No Brasil, após sua reintrodução em 1981, o país enfrentou diversas epidemias, com mais de 16 milhões de casos registrados até o momento. Em 2023, sob a vigência do fenômeno climático El Niño registrou-se uma das maiores epidemias de dengue no país, com mais de 1,6 milhões de casos notificados. Temperaturas e pluviosidade mais elevadas em conjunto com a circulação simultânea dos quatro sorotipos do vírus da dengue aumentaram ainda mais o risco de disseminação da doença em 2024, especialmente em populações sem imunidade para alguns dos sorotipos. Diante deste quadro, o Ministério da Saúde promoveu várias ações para enfrentar a situação, incluindo a instalação de uma Sala Nacional de Arboviroses e um Comitê de Operações de Emergência, repasses financeiros para apoiar estados e municípios em ações contingenciais de vigilância e prevenção de doenças, com ênfase no enfrentamento das arboviroses e investimentos em inovações para o controle da dengue, como vacinação e o método Wolbachia. Ainda assim, o primeiro trimestre de 2024 registrou um número de casos suspeitos de dengue superior ao de 2023, destacando a necessidade de aprimoramentos no monitoramento da situação epidemiológica para detecção precoce de epidemias e da preparação dos serviços de saúde para o cuidado dos casos com sinais de gravidade. Após mais de 40 anos de epidemias recorrentes, o controle efetivo da dengue no país requer ações sustentadas de prevenção por meio de estratégias inovadoras, envolvendo esforços coordenados de todas as esferas da gestão em saúde, juntamente com a participação ativa da população. Ações estruturais para a melhoria na cobertura de saneamento básico e para mitigação dos efeitos das mudanças climá
Dengue has evolved from a disease restricted to a few countries into a serious global public health issue, affecting over 120 countries in recent years. In Brazil, after its reintroduction in 1981, the country has faced several epidemics, with over 16 million cases registered to date. In 2023, under the influence of the El Niño climatic phenomenon, one of the largest epidemics occurred in the country, with over 1.6 million cases reported. High temperatures and precipitation in line with the simultaneous circulation of all four serotypes of the dengue virus increased the risk of disease spread in 2024, especially in populations without immunity to some of the serotypes. In such a scenario, the Ministry of Health undertook various actions to address the situation, including the establishment of a National Arbovirus Situation Room and an Emergency Operations Commitee, financial support to assist states and municipalities in contingency actions for disease surveillance and prevention, with an emphasis on combating arboviruses, and investments in innovations for dengue control, such as vaccination and the Wolbachia method. However, the number of notified dengue cases in the first trimester of 2024 supplanted the whole year of 2023, highlighting the need for a more effective monitoring of the epidemiological situation for early outbreak detection and the preparation of health services for the care of cases with signs of severity. After more than 40 years of recurrent dengue epidemics, the effective control of dengue requires sustained preventive actions using innovative strategies, with coordinated efforts at all levels of health management, along with active participation of the population. Structural actions to improve basic sanitation coverage and to mitigate the effects of climate change are critical conditions for reducing the burden of dengue in the population.