Resumen En este trabajo se analizan los cambios que se presentaron en el ejercicio de la profesión médica y en sus condiciones laborales como resultado de un conjunto de transformaciones sociales (en el trabajo), científicas (en la profesión) y legales (reformas estructurales al sistema de salud y a la regulación laboral); así como las principales acciones colectivas que desarrolló una parte considerable del gremio médico en Colombia para enfrentar esos cambios, entre 1990 y el 2015. Se utilizan dos perspectivas teóricas: primero, el enfoque de la cultura laboral que considera la relación entre trabajo y cultura como un proceso en el que los agentes actualizan su cultura en contextos y realidades de poder específicos, en medio de procesos de conflictos y negociaciones que ocurren en las interacciones de los sujetos. Segundo, la teoría de la acción colectiva y su enfoque de contienda política, entendida como la interacción pública y colectiva entre diferentes actores, en una relación de conflicto, en la que el gobierno es una de las partes. Los resultados de la contienda afectan los intereses de una de las partes, según las reivindicaciones que logren imponerse. Tres momentos caracterizaron las acciones colectivas de los médicos: las protestas sociales en oposición a las reformas a la salud y para reivindicar sus derechos laborales; la asociación para buscar la unidad del gremio médico y tener un solo interlocutor ante el Gobierno; y la utilización del derecho como un recurso para promover modificaciones en la regulación del sistema de salud y de la práctica médica. A través de sus acciones colectivas, un sector del gremio médico se situó como un actor político emergente que, al tiempo que luchó por sus intereses, también participó como protagonista clave en la configuración del campo de la salud en Colombia en el contexto de las reformas al sistema de salud. Así mismo, a través de aquellas, los médicos lograron resistir, moldear o filtrar los efectos de los cambios en su cultura laboral.
Abstract The paper analyzes the changes in the exercise of the medical profession and in the labor conditions of physicians as a result of a series of social (in the work environment), scientific (in the profession), and legal (structural reforms of the healthcare system and labor regulation) transformations, as well as the main collective actions carried out between 1990 and 2015 by a large number of physicians in Colombia in order to face those changes. Two theoretical perspectives were used: first, a focus on work culture that considers the relation between work and culture as a process in which agents update their culture in specific power contexts and relations, amidst conflict and bargaining processes that mark the interactions of subjects. Second, the theory of collective action and its focus on political struggle, understood as the public and collective interaction among different actors, in a conflicting relationship where the Government is one of the parties. The results of the struggle affect the interests of one of the parties, depending on which claims end up prevailing. Three types of collective actions were carried out by physicians: social protests to oppose healthcare reforms and claim their labor rights; association aimed at achieving the unification of the medical profession and having a single interlocutor with the Government; and the use of the law in order to promote changes in the regulation of the health system and the practice of medicine. Through their collective actions, part of the medical sector consolidated itself as an emerging political actor that not only fought for its interests, but also participated as a key protagonist in shaping the field of health in Colombia, in the context of the reforms to the health system. Likewise, those actions made it possible for physicians to resist, shape, or filter the effects of the changes to their work culture.
Resumo Neste trabalho, foram analisadas as mudanças apresentadas no exercício da profissão médica e em suas condições trabalhistas como resultado de um conjunto de transformações sociais (no trabalho), científicas (na profissão) e legais (reformas estruturais no sistema de saúde e na regulamentação trabalhista), assim como as principais ações coletivas que um considerável setor do grêmio médico na Colômbia desenvolveu para enfrentar essas mudanças entre 1990 e 2015. Utilizam-se duas perspectivas teóricas: 1) a abordagem da cultura organizacional que considera a relação entre trabalho e cultura como um processo no qual os agentes atualizam sua cultura em contextos e realidades de poder específicos, e em meio de processos de conflitos e negociações que ocorrem nas interações dos sujeitos; 2) a teoria da ação coletiva e sua abordagem de disputa política, entendida como interação pública e coletiva entre diferentes atores, numa relação de conflito, na qual o governo é uma das partes. Os resultados da disputa afetam os interesses de uma das partes, segundo as reivindicações que consigam ser impostas. Três momentos caracterizaram as ações coletivas dos médicos: os protestos sociais em oposição às reformas na saúde e para reivindicar seus direitos trabalhistas; a associação para buscar a unidade do grêmio médico e ter um interlocutor só ante o Governo, e a utilização do direito como um recurso para promover as mudanças na regulamentação do sistema de saúde e da prática médica. Por meio de suas ações coletivas, um setor do grêmio médico se posicionou como ator político emergente que, ao mesmo tempo que lutou por seus interesses, também participou como protagonista fundamental na configuração do campo da saúde na Colômbia no contexto das reformas no sistema de saúde. Além disso, por meio daquelas, os médicos conseguiram resistir aos efeitos das mudanças na sua cultura organizacional, moldá-los ou filtrá-los.