Resumen Los modos en que el Estado ha lidiado con las prácticas y cuerpos abyectos han sido complejos. En Argentina, las leyes diseñadas a partir del siglo XIX tienen una configuración singular inspirada en la moralidad higienista y religiosa asociada a un imaginario de Nación que le imprimió una impronta particular al modo en que la sociedad definió ciertas prácticas como delictivas. Particularmente, nos centraremos en el vínculo entre legalidad, prácticas económicas y moral a partir del análisis de dos casos: las mujeres que ejercían la prostitución y los jugadores de azar a fines del siglo XIX y principios del XX. Ambas prácticas se colocaron en el lugar de la marginalidad, siendo susceptibles de disputarse entre políticas punitivas y los discursos del "mal necesario", y fueron objeto de políticas públicas para hacerlas inteligibles, produciendo como subjetividad las categorías de personas "enfermas", "viciosas" y "delincuentes". En este orden de ideas, este trabajo reflexiona acerca del vínculo entre derecho e imaginarios morales, políticos y sociales en torno a la idea de nación y de crecimiento económico luego de 1880. Con este fin, se hace un ejercicio comparativo de los modos en que fueron tratadas en la Argentina las prácticas consideradas abyectas por su exterioridad, en relación con un imaginario de sociedad hegemónico. A partir de una perspectiva genealógica, de debates parlamentarios y de la legislación de la época el artículo rastrea los esquemas cognitivos bajo los cuales se clasificaban determinadas prácticas económicas como inmorales y dañinas para la nación. Para esto se hace hincapié en la relación entre dinero y sectores populares. En las apuestas, el dinero es "lavado" moralmente y marcado institucionalmente como dinero de bien público, convirtiendo en beneficencia una actividad "inmoral" y antieconómica que promovía el derroche, fomentando el ahorro y la rentabilidad económica. Mientras que, en el caso de la prostitución, que también se juzga como inmoral, el Estado intervino en sentido contrario. La conversión del mercado del sexo en trata de blancas europeas fue el modo de inteligibilizar las migraciones femeninas y la ruptura de ciertos cánones familiares y sexuales tradicionales. Descriptores: dinero juego, prostitución, sociología económica.
Abstract The ways that the state has dealt with abject practices and bodies has been complex. In Argentina, the laws designed from the nineteenth century have a unique configuration inspired by hygienist and religious morality associated with an imaginary of the Nation that left a particular mark on the way that society defined some practices as criminal. We focus on the link between legality, economic practices, and morals based on the analysis of two cases: women who practiced prostitution and gamblers in the late ígth and early 20th centuries. Both practices were considered marginal, susceptible to dispute between punitive policies and discourses of "necessary evil" and were the object of public policies that configured subjectivities as "sick people", "vicious people", and "criminals". In this way, the paper aims to reflect on the link between law and moral, political and social imaginaries around the idea of Nation and of economic growth after 1880. To this end we seek to make a comparative exercise of the ways that were treated in In Argentina the practices considered abject due to their exteriority in relation to the imaginary of hegemonic society. Based on a genealogical perspective, from parliamentary debates and the legislation of the time, we trace the cognitive schemes under certain economic practices were classified as immoral and harmful to the Nation. For this we emphasize the relationship between money and popular sectors. In gambling, money is morally "laundered" and institutionally marked as public good money, turning an "immoral" and uneconomic activity that turned waste into charity, promoting savings and economic profitability. While in the case of prostitution, although it is also judged as immoral, the State intervened in the opposite direction. The conversion of the sex market into European white trafficking was the way of making fe-male migrations and the breaking of certain traditional family and sexual canons more intelligible for the elites. Descriptors: economic sociology, gambling, money, prostitution.
Resumo As maneiras pelas quais o estado enfrentou com as práticas e corpos abjetos têm sido complexas. Na Argentina, as leis desenhadas a partir do século XIX têm uma configuração única, inspirada na moral higienista e religiosa associada a um imaginário da Nação, que deixou uma marca particular na forma como a sociedade definia certas práticas como criminosas. Em particular, enfoca-se a ligação entre legalidade, práticas econômicas e moral a partir da análise de dois casos: mulheres que praticavam a prostituição e jogadores no final do século XIX e início do século XX. Ambas práticas foram colocadas no lugar da marginalidade, suscetíveis de disputa entre as políticas punitivas e os discursos do "mal necessário", e foram objeto de políticas públicas que as tornaram inteligíveis, produzindo como subjetividade as categorias de "doente", "vicioso" e "criminoso". Desse modo, este trabalho visa refletir sobre a articulação entre o direito e os imaginários moral, político e social em torno da ideia de Nação e de crescimento econômico após 1880. Para tanto, procura-se fazer um exercício comparativo das formas pelas quais na Argentina, foram tratadas as práticas consideradas abjetas por sua exterioridade em relação ao imaginário da sociedade hegemônica. Com base em uma perspectiva genealógica, a partir dos debates parlamentares e da legislação da época, traça-se os esquemas cognitivos sob os quais certas práticas econômicas foram classificadas como imorais e nocivas à Nação. Para isso destacamos a relação entre dinheiro e setores populares. No jogo, o dinheiro é moralmente "lavado" e institucionalmente marcado como dinheiro de bem público, tornando-se uma atividade "imoral" e antieconômica que promovia o desperdício em caridade, promovendo poupança e lucratividade econômica. Já no caso da prostituição, embora também seja considerada imoral, o Estado interveio na direção oposta. A conversão do mercado do sexo no tráfico europeu de escravas brancas foi a forma de tornar mais inteligíveis as migrações femininas e de quebrar certos cânones familiares e sexuais tradicionais. Descritores: dinheiro, jogo, prostituição, sociologia econômica.