Resumo Como fazer pesquisa etnográfica para estudar conflitos, mobilizações sociais e políticas públicas? Esse artigo aborda esse desafio a partir de uma pesquisa etnográfica sobre conflitos envolvendo religiões de matriz africana, seus modos próprios de resistir, reexistir e reinventar tradições, num cenário de progressivo crescimento de uma “política de ódio” no Brasil. Busca-se também discutir os tênues limites entre religião e política, sobre estratégias de mobilização social e luta, e o lugar do pesquisador, que se enreda nessa cena pública, e seus modos de intervir metodologicamente. O artigo se dedica a analisar as ações de mobilização como um processo dinâmico e multidimensional, quando referido a situações de conflito de caráter identitário, que resultam na construção de redes e formas de protesto, que lidam de forma ambivalente com o Estado e seus agentes, em circunstâncias e conjunturas instáveis, reveladoras de regras, valores e moralidades em permanente disputa.
Resumen ¿Cómo realizar investigaciones etnográficas para estudiar conflictos, movilizaciones sociales y políticas públicas? Este artículo aborda este desafío a través de una investigación etnográfica sobre conflictos relacionados con religiones de origen africano, sus formas particulares de resistir, reexistir y reinventar tradiciones, en un contexto de crecimiento progresivo de una “política de odio” en Brasil. También se busca discutir los límites difusos entre religión y política, las estrategias de movilización social y lucha, y el rol del investigador, que se ve inmerso en esta escena pública y sus formas de intervenir metodológicamente. El artículo se dedica a analizar las acciones de movilización como un proceso dinámico y multidimensional, especialmente en situaciones de conflicto de carácter identitario, que resultan en la construcción de redes y formas de protesta que manejan de manera ambivalente al Estado y sus agentes, en circunstancias y coyunturas inestables, revelando reglas, valores y moralidades en permanente disputa.
Abstract How can ethnographic research be used to study conflicts, social mobilizations, and public policies? This paper tackles this challenge through an ethnographic study of conflicts involving African-rooted religions, their distinctive ways of resisting, re-existing, and reinventing traditions, in context of a growning trend of a “politics of hate” in Brazil. It also seeks to discuss the tenuous boundaries between religion and politics, strategies of social mobilization and struggle, and the role of the researcher and their methodological interventions, who becomes entangled in the public scene. The paper is dedicated to analyzing mobilization actions as a dynamic and multidimensional process, especially when referring to identity-based conflicts, which result in the construction of networks and forms of protest that ambivalently engage with the State and its agents, in unstable circumstances and conjunctures, revealing rules, values, and moralities in permanent dispute.