A variedade de instituições e organizações existentes crescentemente caracteriza os sistemas econômicos avançados. Ao passo que as teorias econômicas tradicionais enfocavam quase que exclusivamente organizações maximizadoras de lucros (ou seja, empresas geradoras de lucro) e organizações governamentais, a crescente relevância das organizações sem fins lucrativos e particularmente das organizações sociais exige dos pesquisadores reflexões sobre uma nova abordagem econômica ampla, capaz de explicar tal variedade organizacional. Neste artigo, examinam-se as principais limitações das teorias ortodoxas e institucionais e reafirma-se a necessidade de criar e testar um novo arcabouço teórico, que leve em conta as formas variadas empregadas por organizações diversas na perseguição de seus objetivos, as variadas motivações que impelem os atores e as organizações, e os diferentes padrões de aprendizagem e rotinas dentro das organizações. O novo arcabouço analítico aqui proposto baseia-se em desenvolvimentos recentes, principalmente evolutivos e comportamentais, das teorias da empresa. Esta passa a ser interpretada como um mecanismo de coordenação da atividade econômica cujos objetivos não coincidem forçosamente com a maximização de lucros. Ao contrário, os agentes econômicos são hoje movidos por uma complexidade de motivações e uma vontade intrínseca e não monetária de manter um papel crucial na formação das atividades da firma, acima e além de objetivos puramente monetários ou financeiros. Acredita-se que o novo arcabouço seja particularmente apropriado para a correta interpretação da emergência e do papel de formas organizacionais e de propriedade não tradicionais, as quais não são movidas pela busca de lucros (organizações sem fins lucrativos), sendo reconhecidas principalmente nos formatos legais das cooperativas, Organizações Não Governamentais (ONGs) e empresas sociais. Uma gama contínua de formas organizacionais, que vão desde atividades geradoras de lucro até atividades voltadas ao bem público, e que englobam organizações de benefício mútuo como seu principal constituinte, são aqui consideradas e discutidas.
Institutional and organizational variety is increasingly characterizing advanced economic systems. While traditional economic theories have focused almost exclusively on profit-maximizing (i.e., for-profit) enterprises and on publicly-owned organizations, the increasing relevance of non-profit organizations, and especially of social enterprises, requires scientists to reflect on a new comprehensive economic approach for explaining this organizational variety. This paper examines the main limitations of the orthodox and institutional theories and asserts the need for creating and testing a new theoretical framework, which considers the way in which diverse enterprises pursue their goals, the diverse motivations driving actors and organizations, and the different learning patterns and routines within organizations. The new analytical framework proposed in the paper draws upon recent developments in the theories of the firm, mainly of an evolutionary and behavioral kind. The firm is interpreted as a coordination mechanism of economic activity, and one whose objectives need not coincide with profit maximization. On the other hand, economic agents driven by motivational complexity and intrinsic, non-monetary motivation play a crucial role in forming firm activity over and above purely monetary and financial objectives. The new framework is thought to be particularly suitable to correctly interpret the emergence and role of nontraditional organizational and ownership forms that are not driven by the profit motive (non-profit organizations), mainly recognized in the legal forms of cooperative firms, non-profit organizations and social enterprises. A continuum of organizational forms ranging from profit making activities to public benefit activities, and encompassing mutual benefit organizations as its core constituent, is envisaged and discussed.
La variedad de instituciones y organizaciones caracteriza, cada vez más, sistemas económicos avanzados. Al paso que las teorías económicas tradicionales enfocaban casi exclusivamente organizaciones maximizadoras de lucros (o sea, empresas generadoras de lucro) y organizaciones gubernamentales, la creciente relevancia de las organizaciones sin fines lucrativos y particularmente de las organizaciones sociales exige de los científicos reflexiones sobre un nuevo abordaje económico amplio, capaz de explicar tal variedad organizacional. Este artículo examina las principales limitaciones de las teorías ortodoxas e institucionales y reafirma la necesidad de crear y probar un nuevo marco teórico, que tome en cuenta las formas variadas empleadas por las diversas organizaciones en la persecución de sus objetivos, las variadas motivaciones que impelen a los atores y a las organizaciones, y los diferentes estándares de aprendizaje y rutinas dentro de las organizaciones. El nuevo marco analítico aquí propuesto se basa en desarrollos recientes, principalmente evolutivos y comportamentales, en la teorías de la empresa, que pasa a ser interpretada como un mecanismo de coordinación de la actividad económica cuyos objetivos no coinciden forzosamente con la maximización de lucros. Al contrario, los agentes económicos son movidos por una complejidad de motivaciones y una voluntad intrínseca y no monetaria de desempeñar un papel crucial en la formación de las actividades de la empresa que transcienden los objetivos puramente monetarios o financieros. Se considera que el nuevo marco sea particularmente apropiado para la correcta interpretación del surgimiento y del papel de formas organizacionales y de propiedad no tradicionales, que no son movidas por la busca de lucros (organizaciones sin fines lucrativos) y que son reconocidas principalmente en los formatos legales de las cooperativas, ONG y empresas sociales. Este artículo considera y discute una gama de formas organizacionales que van desde actividades generadoras de lucro hasta actividades dirigidas al bien público y que engloban organizaciones de beneficio mutuo como su principal constituyente.