Resumo: Introdução: A residência médica representa um momento desafiador, com elevado nível de exigência e necessidade de desenvolvimento de inúmeras competências pessoais e profissionais. Com base nisso, implantou-se, em abril de 2019, um programa de mentoria inédito para 30 residentes de clínica médica, buscando oferecer suporte pessoal e estimular desenvolvimento profissional. Relato de experiência: O programa de mentoria foi estruturado em abril de 2019, com 30 residentes de clínica médica e seis mentores com experiência em preceptoria clínica. Com duração de 11 meses, o programa abordou temas não usualmente discutidos na formação desses especialistas, como profissionalismo, empatia, burnout e qualidade de vida, gestão de tempo, gestão de conflitos e role-model. Os encontros ocorriam mensalmente, com local definido pelo grupo. Após o fim da atividade, foi realizada pesquisa de opinião utilizando questionário padronizado com respostas em escala Likert para avaliação de relevância dos temas discutidos e impacto na prática dos médicos residentes. Obtiveram-se 90% de respostas, nas quais se destacou a relevância dos temas burnout e qualidade de vida e empatia. Dos residentes, 96,3% afirmaram que as discussões mudaram a forma deles de pensar e agir profissionalmente. Destacaram que o mentoring “abria a mente acerca de diversidade de opiniões, permitindo crescimento pessoal e profissional” e que “Gerir o tempo, conflitos, burnout estão presentes no nosso dia a dia e também fazem parte da medicina que praticamos”, pontuando dificuldade de consenso entre os membros do grupo para definição do horário e dia a ser realizada a reunião. A atividade demonstrou avaliação positiva dos mentorados. Discussão: Na formação de um médico residente, o programa de mentoria melhora a autoconfiança e promove um impacto positivo na carreira profissional apesar das dificuldades enfrentadas. A mentoria funciona ainda como suporte psicossocial, pois cria-se um livre acesso entre residente e preceptor, o que culmina, na nossa avaliação, em uma excelente relação entre mentores e mentorados. Conclusão: No Ceará, o programa de mentoring para os residentes de clínica médica foi inédito. Houve efeito positivo, em que temas importantes foram discutidos com mais profundidade, com maior crescimento pessoal e profissional. Os autores sugerem que o mentoring seja mantido e incluído como atividade essencial no currículo dos programas de residência médica.
Abstract: Introduction: Medical residency represents a challenging moment, with a high level of demand and the need to develop several personal and professional skills. Therefore, in April 2019, the unprecedented mentoring program for thirty internal medicine residents was implemented, seeking to offer personal support and encourage professional development. Experience Report: A mentoring program was structured in April 2019, lasting 11 months, consisting of 30 internal medicine residents and 6 mentors with experience in clinical preceptorship, covering topics that are not usually discussed in the training of these specialists, such as professionalism, empathy, burnout and quality of life, time management, conflict management and role-model. The meetings took place monthly, in a location defined by the group. After the end of the activity, an opinion poll was conducted using a standardized questionnaire with answers arranged on a Likert scale to assess the relevance of the discussed topics and the impact on the medical residents’ practice. A 90% response rate was obtained, highlighting the relevance of the topic Burnout and quality of life and empathy. A total of 96.3% of residents stated that the program changed their mind about their professional behavior. They declared that mentoring “opened their mind about the diversity of opinions, allowing personal and professional growth” and that “to manage time, conflicts, burnout are present in our daily lives and are also part of the medicine we practice”. However, there were complaints about some difficulties among the group members to define the time and day when the meetings should be held. In summary, the activity had a positive evaluation from the mentees. Discussion: There is a positive impact of the mentoring program on the training of a resident doctor, improving self-confidence and having a positive impact on the professional career despite the faced difficulties. Mentoring also serves as a psychosocial support, creating free access between the resident and the preceptor, culminating, based on our evaluation, in an excellent relationship between mentors and mentees. Conclusion: In Ceará, the mentoring program for internal medicine residents was unprecedented. There is a positive effect, in which important topics were discussed in more depth, with greater personal and professional growth. We suggest that mentoring be maintained and included as an essential activity in the curriculum of Medical Residency Programs.