Pretende mostrar-se, num corpus ad hoc de textos dos média centrados na crise dos refugiados, de que forma alguns mecanismos linguísticos e, mais especificamente, enunciativo-pragmáticos contribuem para a construção de um discurso empático, usado para fins argumentativos. Esses textos jornalísticos estão entre a crónica e a reportagem. Tomam partido, embora não o façam explicitamente, através de um conjunto de argumentos lógicos, objetivamente arrumados e assumidos pelo locutor, mas antes através de narrativas que têm os refugiados como fonte de informação e como protagonistas e, às vezes, como narradores primeiros. Por meio dessas narrativas, o locutor procura aproximar-se da vivência trágica relatada pelos refugiados e trazê-la para perto do leitor, cuja empatia (Lencastre, 2011) visa conquistar. A empatia linguística (Rabatel, 2017) traduz-se em mecanismos enunciativos como pôr-se no lugar do outro, assumindo a sua voz, para compreender o seu ponto de vista. As sequências narrativas, mas também as descritivas e dialogais (Adam, 2005) estão ao serviço dessa empatia, através da qual se procura conseguir a persuasão do alocutário. Serão elencados vários mecanismos que contribuem para a mesma estratégia discursiva de convencimento do alocutário, através da patemização do discurso. Conclui-se que a emoção no discurso (Plantin, 2011), que leva à empatia, é maior se for protagonizada pela voz de pessoas com nome e histórias situadas em espaços que se podem descrever, pondo palavras relatadas, narrativas e descrições ao serviço da construção da tese que os locutores jornalistas defendem.
We intend to show, using an ad hoc corpus of media texts on the refugee crisis, how several linguistic and, more specifically, enunciative-pragmatic mechanisms contribute to the construction of an empathic discourse, used for argumentative purposes. These journalistic texts, between opinion and reporting, take sides, although not through a set of logical arguments objectively arranged and assumed by the speaker, but, instead, through narratives that show refugees as a source of information either as protagonists or, sometimes, as initial narrators. Through these narratives, the speaker seeks to approach the tragic experience told by refugees and bring it to the reader, with the aim of conquering his empathy (Lencastre, 2011). The linguistic empathy (Rabatel, 2017) translates into enunciative mechanisms, such as placing yourself in someone else's place, assuming her voice, to understand her point of view. The narrative, descriptive and dialogical sequences (Adam, 2005) are at the service of this empathy, through which the speaker tries to persuade the addressee. Several mechanisms will be listed that contribute to the same discursive strategy of persuading the addressee, through discourse patemization. We conclude that emotion in discourse (Plantin, 2011) that favours empathy increases when done through the voice of people with names and stories located in spaces that can be described, using reported speeches, narratives and descriptions for the construction of the theses defended by the journalists.