Resumen Lejos de configurar entornos de poder totalizante y absoluto, donde los presos están anclados en una pasividad obsecuente y dócil, los escenarios carcelarios se desenvuelven sobre matrices contingentes marcadas por fuertes turbulencias, configurando una atmósfera cotidiana que se encuentra sujeta a múltiples zonas de incertidumbre sistémica. Así pues, atravesado por diversas fuentes de violencia material y simbólica, el campo intersubjetivo conformado entre los trabajadores e internos se desenvuelve desde la indeterminación. Sobre estas coordenadas, la producción del orden cotidiano no se logra a través de una imposición unilateral de reglas, sino que las prácticas laborales se orientan principalmente hacia una artesanía vincular del orden, donde los perímetros semánticos que regulan los cotidianos son el resultado de acuerdos situacionales informales producto de complejos procesos de negociación dialógica, en los que los presos detentan capacidad de agencia. En este marco, ¿cuáles son los sentires, discursos y prácticas de los trabajadores en relación con los procesos de negociación que intervienen en la producción del orden cotidiano? ¿cómo operan ante escenarios violentos permeados por el riesgo, donde las reglas son cambiantes y difusas? A través de un estudio cualitativo de caso realizado sobre los trabajadores del Instituto Nacional de Inclusión Social Adolescente (INISA), este artículo tiene como objetivo principal la construcción de un marco hermenéutico que instituya visibilidad sobre la experiencia subjetiva de los trabajadores con los adolescentes privados de libertad, tomando como referencia las múltiples tramas de poder que intervienen en la configuración dialógica y negociada del orden de los cotidianos del encierro.
Abstract Far from configuring environments of totalizing and absolute power, where the prisoners are anchored in an obsequious and docile passivity, prison settings unfold on contingent matrices marked by strong turbulence, configuring a daily atmosphere that is subject to multiple zones of systemic uncertainty. Thus, traversed by various sources of material and symbolic violence, the intersubjective field formed between workers and inmates develops from indeterminacy, On these coordinates, the production of the daily order is not achieved through a unilateral imposition of rules, but labor practices are mainly oriented towards a linking craft of order, where the semantic perimeters that regulate the daily activities are highly informal and are the result of situational agreements product of complex processes of dialogical negotiation, where the prisoners hold agency capacity. What are the feelings, discourses and practices of workers in relation to the negotiation processes involved in the production of daily order? How do they operate in violent scenarios permeated by risk, where the rules are changing and diffuse? Through a qualitative case study carried out on the workers of the National Institute for Adolescent Social Inclusion (INISA), this article has as its main objective the construction of a hermeneutic framework that establishes visibility on the subjective experience of workers with adolescents internees, taking as a reference the dialogical and negotiated configuration of the daily order of confinement, demarcated by contingency and subject to multiple plots of power and influence.
Resumo Longe de configurar ambientes de poder totalizante e absoluto, onde os presos estão ancorados numa passividade obsequiosa e dócil, os cenários prisionais desenrolam-se em matrizes contingentes marcadas por fortes turbulências, configurando uma atmosfera quotidiana sujeita a múltiplas zonas de incerteza sistémica. Assim, atravessado por diversas fontes de violência material e simbólica, o campo intersubjetivo formado entre trabalhadores e detentos se desenvolve a partir da indeterminação, Nestas coordenadas, a produção da ordem quotidiana não se realiza através de uma imposição unilateral de regras, mas as práticas laborais orientam-se sobretudo para um ofício de ligação da ordem, onde os perímetros semânticos que regulam as atividades quotidianas são altamente informais e resultam de acordos situacionais produto de complexos processos de negociação dialógica, onde os presos detêm capacidade de agenciamento. Quais são os sentimentos, discursos e práticas dos trabalhadores em relação aos processos de negociação envolvidos na produção da ordem cotidiana? Como operam em cenários violentos permeados pelo risco, onde as regras são mutáveis e difusas? Através de um estudo de caso qualitativo realizado sobre os trabalhadores do Instituto Nacional para a Inclusão Social do Adolescente (INISA), este artigo tem como principal objetivo a construção de um quadro hermenêutico que dê visibilidade à experiência subjetiva dos trabalhadores com adolescentes privados de liberdade, tomando como referência a configuração dialógica e negociada da ordem quotidiana do confinamento, demarcada pela contingência e sujeita a múltiplas tramas de poder e influência.