Abstract: With its signing of the Havana Peace Agreement in 2016, Colombia sought to end an armed conflict that had lasted more than sixty years and had left nearly nine million victims. The agreement led to the establishment of a transitional justice (TJ) framework, including the Commission for the Clarification of Truth, Coexistence, and Non-Repetition (CEV). This study identifies how the CEV incorporated the legacies of colonialism into its analytical framework. The research is based on in-depth interviews with twenty scholars specializing in colonialism and/or TJ, nineteen peacebuilders, informal conversations with CEV members, and a review of various volumes of the final report. The findings highlight that the commission adopted a long-term historical perspective, revisiting aspects of Spanish colonialism (including structural racism and the hacienda system as an institution of territorial, political, and economic order) as explanatory factors for the various forms of violence experienced during the armed conflict. Additionally, several volumes of the final report emphasize the ongoing impact of colonial legacies, viewing them more as continuities or “ruins,” using Stoler’s concept (2008). While the possibility of dismantling colonial legacies on a material level due to the CEV’s work is debated, its symbolic significance must be highlighted, especially in a context where the State had sought to erase the colonial past. This article contributes to the emerging literature that examines TJ from a decolonial perspective, providing an empirical analysis of the CEV in Colombia, which we believe can become a key reference for this field.
Resumo: Em 2016, com a assinatura do Acordo de Paz de Havana, a Colômbia procurou pôr fim a um conflito armado que durou mais de 60 anos e que deixou quase 9 milhões de vítimas. Como resultado do acordo, foi gerado um sistema de justiça de transição (JT), que incluiu a Comissão para o esclarecimento da verdade, do convívio e da não repetição (CEV). O objetivo deste estudo é identificar como a CEV incorporou os legados do colonialismo em sua estrutura de análise. A pesquisa baseia-se em entrevistas aprofundadas com 20 acadêmicos especializados em colonialismo e/ou JT e 19 construtores da paz, bem como em conversas informais com membros da CEV e na revisão de vários volumes do relatório final. A observação destaca que a comissão adotou uma perspectiva histórica de longo prazo, além de revisitar algumas facetas do colonialismo espanhol (incluindo o racismo estrutural e a fazenda como instituição de organização territorial, política e econômica) como fatores explicativos para as várias formas de violência sofridas no contexto do conflito armado. Além disso, vários volumes do relatório final enfatizam o efeito dos legados coloniais no presente, ou seja, a CEV os entende mais como continuidades ou “ruínas”, para usar o conceito de Stoler (2008). Embora a possibilidade de desarticular os legados coloniais em nível material como resultado do trabalho da CEV seja questionada, sua importância em nível simbólico deve ser enfatizada, em um contexto em que o Estado procurou apagar o passado colonial. Este artigo procura contribuir para a literatura emergente que examina a JT a partir de um quadro decolonial, com uma análise empírica da CEV na Colômbia, que, acreditamos, pode se tornar um caso de referência obrigatório para o campo.
Resumen: En 2016, con la firma del Acuerdo de Paz de La Habana, Colombia buscó poner fin a un conflicto armado de más de sesenta años de duración, que había dejado casi nueve millones de víctimas. Como resultado del acuerdo se generó un andamio de justicia transicional (JT), que incluyó la Comisión para el Esclarecimiento de la Verdad, la Convivencia y la No Repetición (CEV). El objetivo del estudio es identificar cómo la CEV incorporó los legados del colonialismo en su marco de análisis. La investigación se basa en entrevistas en profundidad realizadas a veinte académicos especialistas en el colonialismo y/o la JT, y diecinueve constructoras de paz, además de conversaciones informales con integrantes de la CEV y una revisión de diversos tomos del informe final. La observación resalta que la comisión tuvo una perspectiva histórica de larga duración, además de retomar algunas facetas del colonialismo español (incluyendo el racismo estructural y la hacienda como institución de ordenamiento territorial, político y económico), a modo de factores explicativos de las diversas violencias vividas en el marco del conflicto armado. Asimismo, en varios tomos del informe final se hace hincapié en el efecto de los legados coloniales en el presente; es decir, la CEV los comprende más como continuidades o “ruinas”, para emplear el concepto de Stoler (2008). Si bien se pone en tela de juicio la posibilidad de desarticulación de los legados coloniales en un plano material a raíz del trabajo de la CEV, se debe destacar su importancia en un plano simbólico, en un contexto en el que el Estado había buscado borrar el pasado colonial. Este artículo busca hacer un aporte a la literatura emergente que examina la JT desde un encuadre decolonial, con un análisis empírico de la CEV en Colombia que, consideramos, puede convertirse en caso de referencia obligatoria para este campo.