RESUMO Este trabalho investiga a consciência fonológica em LE de aprendizes brasileiros de inglês. O estudo teve dois objetivos: i) determinar o grau de consciência de aprendizes brasileiros de inglês sobre os segmentos contrastivos e não contrastivos de LE, ii) determinar que tipos de segmentos apresentam o nível mais baixo de consciência. Pouca pesquisa tem sido conduzida sobre o tipo de consciência fonológica em LE que não está acessível para reflexão consciente. Na maioria dos estudos tem sido solicitado dos participantes a verbalização do conhecimento adquirido (e.g., KENNEDY & TROFIMOVICH, 2010; WREMBEL, 2011). Enquanto o ensino da gramática é frequentemente explícito, a pronúncia de LE é raramente ensinada na sala de aula. Além do mais, a fonologia é menos susceptível ao processamento consciente do que outros aspetos da LE, fazendo que o noticing, e especialmente a elaboração explícita, de aspectos fonológicos seja difícil. No entanto, um alto nível de consciência fonológica é benéfico para a pronúncia de LE (KIVISTÖ-DE SOUZA, 2015), fazendo o seu estudo uma prioridade na sala de aula delíngua estrangeira. Os participantes foram 71 alunos de nível avançado em inglês e 18 falantes nativos de inglês americano. Os participantes completaram um teste de percepção que apresentou segmentos de inglês produzidos por falantes nativos e não nativos. A capacidade de identificar pronúncias inadequadas nos estímulos não nativos foi usada como a medida de consciência fonológica. Os resultados mostraram que os participantes brasileiros manifestaram uma sensibilidade significativamente mais baixa à fonologia segmental do inglês que os falantes nativos de inglês (F[1, 87] = 40.56, p <.001, η2=.31). Erros de pronúncia envolvendo consoantes foram identificados com a precisão mais alta (52%), enquanto os estímulos com VOT zero foram identificados com mais dificuldade (33%). Os resultados revelam necessidade de instrução explícita de pronúncia na sala de aula de inglês para brasileiros.
ABSTRACT The aim of this paper was to examine the extent of non-verbalizable knowledge L1 Brazilian Portuguese (BP) learners of English possess about the segmental inventory of the L2. The study had two aims: i) to determine to what extent L1 BP EFL learners are aware of contrastive and non-contrastive L2 segments, ii) to determine which type of segments present the lowest level of awareness. To the date, little research has been carried out about the non-verbalizable aspect of L2 phonological awareness, most studies having relied on participants’ verbalization of the acquired knowledge (e.g., KENNEDY & TROFIMOVICH, 2010; WREMBEL, 2011). Whereas language learners are frequently taught grammar explicitly, pronunciation of the L2 is rarely addressed in the foreign language classroom. Moreover, phonology is in nature less susceptible to conscious processing than other aspects of L2 learning, making the noticing, and especially the explicit explanation, of phonological aspects difficult. Nevertheless, high L2 phonological awareness is beneficial for L2 pronunciation (KIVISTÖ-DE SOUZA, 2015), making its examination a priority in the foreign language classroom context. The participants of the study were 71 advanced EFL learners and 18 native speakers of American English. Participants performed a perception test which presented English segments spoken by native and non-native speakers. The ability to identify pronunciation deviations in the non-native speaker trials was taken as a measure for phonological awareness. The results showed that the L1 BP participants manifested a significantly lower sensitivity to English segmental phonology than the native English speakers (F[1, 87] = 40.56, p <.001, η2=.31). Pronunciation deviations involving consonants were identified to the greatest extent (52%), whereas the trials involving short-lag VOTs were identified the poorest (33%). The results reveal a need for explicit pronunciation instruction and the employment of consciousness-raising activities in the Brazilian EFL classroom.