Resumen: Los modelos de gobernanza del agua en Uruguay, desde principios de la década de 2000 y bajo divergentes presiones, están en transición hacia una mayor descentralización, participación social e integración entre sectores. En este artículo buscamos analizar el proceso de problematización del agua y las crisis del agua, centrándonos en la disputa entre diferentes proyectos hidrosociales materializados y no materializados, así como las estrategias utilizadas por diferentes grupos de actores para mantener relaciones jerárquicas y, en consecuencia, de poder sobre el agua y el territorio. A partir del estudio de caso de la Laguna del Cisne (Canelones, Uruguay), analizamos el proceso de construcción social de dos crisis hídricas asociadas a la noción de escasez de agua (en calidad y cantidad) y su relación con proyectos hidrosociales que divergen entre sí, así como sus implicancias para el agua, el territorio y las relaciones hidrosociales. Para ello realizamos entrevistas con actores directa e indirectamente involucrados (organizaciones sociales; pequeños productores; academia; instituciones gubernamentales de nivel nacional, departamental y municipal), observación participante en ámbitos formales de participación y análisis documental. Los resultados muestran que, en contextos de crisis, el proceso de toma de decisiones está centralizado en las instituciones del Estado a nivel nacional, a través de escalas estratégicamente articuladas, con el fin de atender los intereses de determinados grupos de actores, a pesar de la existencia de espacios participativos de carácter asesor como las comisiones de cuencas.
Abstract: Since the early 2000s, water governance models in Uruguay, under divergent pressures, have been in transition towards greater decentralization, social participation, and integration between sectors. In this article we sought to analyze the process of problematizing the water issue and water crises, focusing on the dispute between different materialized and non-materialized hydrosocial projects, as well as the strategies used by different groups of actors to maintain hierarchical relationships and, consequently, power over water and territory. Based on the case study of Laguna del Cisne (Canelones, Uruguay), we analyze the process of social construction of two water crises associated with the notion of water scarcity (in quality and quantity) and its relationship with divergent hydrosocial projects, as well as its implications for water, the territory and hydrosocial relationships. We conducted interviews with actors directly and indirectly involved (social organizations; small-scale farmers; academia; government institutions at national, subnational and municipal levels), participant observation in formal participatory forums and document analysis. The results showed that, in contexts of crisis, the decision-making process is centralized in State institutions at the national level, through strategically articulated scales, to meet the interests of certain groups of actors, despite the existence of advisory participatory boards like the basin committees.
Resumo: No Uruguai, os modelos de governança hídrica, sob pressões divergentes, estão em transição para uma maior descentralização, participação social e integração entre setores, desde o início dos anos 2000. Neste artigo buscamos analisar o processo de problematização da questão hídrica e as crises hídricas, com foco na disputa entre diferentes projetos hidrossociais materializados e não materializados, bem como as estratégias utilizadas por diferentes grupos de atores para manter relações hierárquicas e, consequentemente, de poder sobre a água e o território. Com base no estudo de caso de Laguna del Cisne (Canelones, Uruguai), analisamos o processo de construção social de duas crises hídricas associadas à noção de escassez hídrica (em qualidade e quantidade) e sua relação com projetos hidrossociais que divergem entre si, assim como suas implicações para a água, território e relações hidrossociais. Para isso, realizamos entrevistas com atores direta e indiretamente envolvidos (organizações sociais; pequenos produtores; academia; instituições governamentais de nível nacional, departamental e municipal), observação participante em âmbitos formais de participação e análise documental. Os resultados mostraram que, em contextos de crise, o processo decisório é centralizado nas instituições do Estado em nível nacional, por meio de escalas estrategicamente articuladas, a fim de atender aos interesses de determinados grupos de atores, apesar da existência de espaços participativos de caráter assessor como as comissões de bacia.