Há aproximadamente dez anos André Gorz morreu, deixando ideias estimulantes sobre os limites e a necessidade de superação ou desconstrução da sociedade capitalista. Sempre atento às transformações sociais, Gorz chegou, em certos momentos, a sintetizar tudo que havia de mais profundo e crítico na teoria social. Entretanto, é possível observar, em sua obra, uma oscilação em relação ao lugar social que o trabalho ocupa. O lugar do trabalho parece mudar em função do desenvolvimento das forças produtivas. Assim, a análise do movimento social do trabalho na sociedade capitalista, realizada por Gorz, permanece prisioneira de uma determinação tecnológica e de um conceito de trabalho limitado ao universo produtivo das qualificações profissionais. Neste artigo, tenho como objetivo problematizar a concepção de trabalho exposta por Gorz em três de suas principais obras: Estratégia Operária e Neocapitalismo (1964), Adeus ao Proletariado (1980) e O Imaterial (2003), demonstrando como a teoria social e as alternativas políticas desenvolvidas por Gorz mudam vis-à-vis o lugar social ocupado pelo trabalho nessas obras.
About ten years ago, André Gorz died, leaving stimulating ideas about the limits and need to overcome or deconstruct capitalist society. Always attentive to social transformations, Gorz came at times to synthesize everything that was deep and critical in social theory. However, it is possible to observe, in his writings, an oscillation concerned to the social place that the labor occupies. The place of labor seems to change in function of the development of the productive forces. Thus, Gorz's analysis of the social movement of labor in capitalist society remains a prisoner of a technological determination and a concept of labor limited by the productive universe of professional qualifications. In this article, I have objective to problematize the conception of labor exposed by Gorz in three of his main works: Worker Strategy and Neocapitalism (1964), Farewell to the Proletariat (1980) and The Immaterial (2003), demonstrating how social theory and political alternatives built By Gorz change vis-à-vis the social place occupied by labor in these writings.
Il y a environ dix ans, André Gorz est décédé, ayant laissé des idées stimulantes sur les limites et la necessité de supération ou de deconstruction de la société capitaliste. Toujours vigilant aux changements sociaux, Gorz est arrivé, à certains moments, à synthétiser tout ce qui était de plus profond et critique dans la théorie sociale. Cependant, il est possible de voir, dans son ouvre, des oscillations par rapport à la place sociale qu'occupe le travail. La place du travail semble changer en raison du développement des forces productives. Ainsi, l'analyse du mouvement social du travail dans la société capitaliste, réalisée par Gorz, démeure prisonnière d'une determination technologique et d'un concept de travail limité par l'univers productif des qualifications professionnelles. Dans cet article, j'ai pour but de problématiser la conception de travail exposée par Gorz dans trois de ses principaux ouvrages: Stratégie Ouvrière et Neocapitalisme (1964), Adieu au Proletariat (1980) et L’Immatériel (2003), en démontrant dans quelle mesure la théorie sociale et les alternatives politiques, développées par Gorz, changent vis-à-vis de la place sociale occupée par le travail dans ces ouvrages.