Resumo Introdução: As doenças respiratórias são uma das principais causas de doença e morte, ocupando o terceiro lugar em Portugal. Globalmente, a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é a terceira principal causa de morte, a seguir às doenças cardiovasculares e ao acidente vascular cerebral. Identificar indivíduos de alto risco e implementar tratamento precoce é crucial devido à variabilidade dos sintomas e exacerbações na DPOC. Este estudo teve como objetivo determinar estratégias eficazes para prevenir exacerbações e complicações relacionadas. Métodos: Foi desenvolvido um estudo Delphi que envolveu 15 especialistas de diversas áreas, incluindo médicos, enfermeiros, gestores de saúde, decisores políticos, especialistas em saúde pública e representantes de organizações de pessoas com doença. Os especialistas utilizaram uma escala, variando de “Concordo” a “Discordo”, para alcançar um nível de consenso de 73,3% para cada estratégia. Foram realizadas três rodadas para abordar seis perguntas relacionadas com o diagnóstico precoce e seguimento dos doentes. A primeira ronda centrou-se na identificação dos principais desafios enfrentados pelo sistema de saúde português na gestão da DPOC, dos obstáculos na identificação e gestão das exacerbações da DPOC e das estratégias eficazes para ultrapassar as barreiras identificadas. A segunda e a terceira rondas envolveram a análise da informação recolhida e a votação de cada indicador para obter consenso. Os indicadores resultantes foram categorizados em dois grupos: barreiras, desafios e constrangimentos na gestão da DPOC e estratégias de ação para melhorar a prevenção, a referenciação e diminuir exacerbações e o peso desta doença. Resultados: De um total de 134 indicadores válidos gerados, 108 obtiveram consenso. Dos indicadores consensualizados pelos peritos, 18 dizem respeito a barreiras, desafios e constrangimentos, enquanto 90 são referentes a estratégias de ação para a DPOC. Entre as estratégias formuladas, 25 indicadores com consenso visam estratégias de prevenção, 24 indicadores com consenso têm como alvo a referenciação da DPOC e 41 indicadores com consenso concentram-se em mitigar as exacerbações da DPOC e reduzir a carga da doença. Discussão/Conclusão: Este estudo enfatiza a necessidade de investimento integrado na saúde respiratória e o reconhecimento do impacto da DPOC na vida das pessoas, nos sistemas de saúde e na economia. A prevenção e o tratamento adequado das exacerbações são cruciais para uma gestão eficaz da DPOC e para reduzir a morbidade e a mortalidade associadas. Os especialistas destacam a importância de melhorar a coordenação entre diferentes níveis de cuidados, integrar sistemas de informação e descentralizar as responsabilidades hospitalares. A pandemia da COVID-19 reforçou a importância da saúde respiratória individual e coletiva, enfatizando a necessidade de investir na promoção da saúde e na consciencialização sobre a DPOC.
Abstract Introduction: Respiratory diseases, ranking the third in Portugal, contribute significantly to illness and mortality. Chronic obstructive pulmonary disease (COPD) is the third-leading cause of death globally. Identifying high-risk individuals and implementing early treatment is crucial due to the variability of COPD symptoms and exacerbations. This study aimed to identify effective strategies for preventing exacerbations and complications. Methods: A Delphi involving 15 experts was performed. Experts included physicians, nurses, health managers, policymakers, public health experts, and patient organizations. Consensus was achieved at 73.3% for each strategy using a scale ranging from “agree” to “disagree.” Three rounds were conducted to address six questions related to early diagnosis and patient follow-up. Challenges faced by the Portuguese Health System in managing COPD, obstacles in COPD exacerbation diagnosis and management, and effective strategies to overcome barriers were identified in the first round. The second and third rounds involved analyzing the gathered information and voting on each indicator to achieve consensus, respectively. Indicators were categorized into constraints and barriers, and strategies for reducing COPD exacerbations and disease burden. Results: Out of a total of 134 valid indicators generated, 108 achieved consensus. Among the indicators agreed upon by experts, 18 pertained to barriers, challenges, and constraints, while 90 focused on action strategies for COPD. Among the strategies formulated, 25 consensus indicators target prevention strategies, 24 consensus indicators aim to enhance COPD referrals, and 41 consensus indicators focus on mitigating COPD exacerbations and reducing the overall disease burden. Discussion/Conclusion: This study emphasizes the need for integrated investment in respiratory healthcare and recognition of the impact of COPD on patients, healthcare systems, and economies. Prevention and appropriate treatment of exacerbations are crucial for effective COPD management and reducing associated morbidity and mortality. Experts highlight the importance of improving coordination between different levels of care, integrating information systems, and decentralizing hospital responsibilities. The COVID-19 pandemic has further emphasized the importance of individual and collective respiratory health, necessitating investment in health promotion and COPD awareness.