Com o mote de identificar o tratamento dedicado à literatura na Base Nacional Comum Curricular - Ensino Médio, o presente estudo propõe um debate sobre o espaço minguado que o documento reserva à área. Para tanto, nos norteamos pelo conceito de “não-lugar” que, em Augé (2005), corresponde a um ambiente no qual imperam o utilitarismo e a transitoriedade, isto é, um espaço, ao mesmo tempo, lotado e vazio, que enquanto estrutura física existe de fato, mas sem construção identitária, nem valor relacional e histórico, por isso, banal. Circunscrevendo a literatura ao “não-lugar literário”, ao fazer recomendações vazias, antagônicas, inconsistentes e, às vezes, impraticáveis ao campo artístico-literário, a BNCC opera tanto no sentido de esgotar o acesso à literatura em âmbito educacional – já que colabora para o apagamento dessa arte nesse espaço –, como também contribui para, disfarçadamente, direcionar-la ao caminho da utilidade mercadológica e de outros ideais neoliberais, cujo efeito principal é a anulação das potências dessa arte plural. Imbuída de perspectivas intrincadas e vazias de sentidos em um texto insignificante, na nova BNCC, a literatura não somente não logra o relevo de arte como também é (in)oportunamente enfraquecida, impulsionada ao esquecimento e/ou até mesmo a um propósito afastado dela.
Com o objetivo de identificar o tratamento dedicado à literatura na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), este estudo propõe um debate sobre o espaço limitado que o documento reserva para a área. Para tanto, guiamo-nos pelo conceito de “não-lugar” que, em Augé (2005), corresponde a um ambiente em que prevalecem o utilitarismo e a transitoriedade, ou seja, um espaço, ao mesmo tempo, lotado e vazio, que como estrutura física realmente existe, mas sem construção identitária, nem valor relacional e histórico, portanto, banal. Circunscrevendo a literatura ao “não-lugar literário”, ao fazer recomendações vazias, antagônicas, inconsistentes e, por vezes, impraticáveis ao campo artístico-literário, a BNCC atua tanto no sentido de esgotar o acesso à literatura no contexto educacional – já que colabora para o apagamento desta arte neste espaço –, mas também contribui para, veladamente, direcioná-la para o caminho da utilidade mercadológica e de outros ideais neoliberais, cujo principal efeito é a anulação dos poderes desta arte plural. Imbuída de perspectivas intrincadas e esvaziada de sentidos em um texto insignificante, na nova BNCC a literatura não apenas não consegue alcançar o status de arte, mas também é (in)oportunamente fragilizada, levada ao esquecimento e/ou mesmo a um propósito muito distante do isto.
Con el objetivo de identificar el tratamiento dedicado a la literatura en la Base Curricular Común Nacional (BNCC, en Portugués), este estudio propone un debate sobre el espacio limitado que el documento reserva para el área. Para ello nos guiamos por el concepto de “no lugar” que, en Augé (2005), corresponde a un entorno en el que prevalecen el utilitarismo y la fugacidad, es decir, un espacio, al mismo tiempo, poblado y vacío, que como estructura física existe realmente, pero sin construcción identitaria, ni valor relacional e histórico, por tanto, banal. Circunscribiendo la literatura al “no lugar literario”, haciendo recomendaciones vacías, antagónicas, inconsistentes y, a veces, poco prácticas al campo artístico-literario, el BNCC actúa tanto para agotar el acceso a la literatura en el contexto educativo – ya que colabora durante la borradura de este arte en este espacio–, pero también contribuye a, encubiertamente, encaminarlo hacia el camino del marketing utilitario y otros ideales neoliberales, cuyo principal efecto es la anulación de los poderes de este arte plural. Imbuida de perspectivas intrincadas y vaciada de significados en un texto insignificante, en el nuevo BNCC, la literatura no sólo no logra alcanzar el estatus de arte sino que también es (in)oportunamente debilitada, conducida al olvido y/o incluso a un propósito muy alejado del él.