Abstract: This article explores the representation of wrath in relation to the topic of shipwreck in literary texts from 17th-century Spain. As seen in the emblematic genre of the time, as well as in novellas and theatre plays, wrath is represented as the shipwreck of reason. Lack of control and the destruction of the mind as consequences of anger are associated with the capsizing of ships in marine storms. From the Renaissance and well into the late 17th-century, a sound mind is figuratively equivalent to the tranquil voyage in which the ship is in control of the maritime space. By contrast, the reckless and uncontrollable mind is comparable to the ship tossed and destroyed by the tempest, unable to return from the abyss of the ocean depths. As demonstrated in the literary texts of the time, to let the mind be taken over by the passions, particularly wrath and love, was frequently correlated with madness and, thus, with moral decline, as under contemporaneous thought, insanity was connected to ethical degeneration and conversely, sanity with Christian virtues. Moreover, the symbolic implication of the shipwreck motif in Early Modern Spanish literature also reflected the medical notions of the time-namely those related to the bodily humors. Within these sociocultural coordinates, wrath and unrequited love are correlated to choleric and melancholic natures that can lead to madness and social unrest. In sum, the connection of wrath to nautical devastation is an effective means to convey social and political commentary and transmit didactic messages.
Resumen: Este artículo explora la representación de la ira en relación con el tema del naufragio en textos literarios de la España del siglo XVII. Tanto en el género emblemático de la época como en las novelas y obras de teatro, la ira se representa como el naufragio de la razón. El descontrol y la destrucción de la mente como consecuencias de la ira se asocian a la zozobra de los barcos por las tempestades marinas. Desde el Renacimiento hasta finales del siglo XVII, una mente sana equivale figurativamente al viaje tranquilo en el que el barco domina el espacio marítimo. Por el contrario, la mente temeraria e incontrolable es comparable al barco zarandeado y destruido por la tempestad, incapaz de regresar del abismo de las profundidades oceánicas. Como demuestran los textos literarios de la época, dejarse dominar por las pasiones, en particular por la ira y el amor, se relacionaba a menudo con la locura y, por tanto, con la decadencia moral, ya que, según el pensamiento contemporáneo, la locura estaba asociada con la degeneración ética y, a la inversa, la cordura, con las virtudes cristianas. Además, la implicación simbólica del motivo del naufragio en la literatura española de principios de la Edad Moderna también reflejaba las nociones médicas de la época, en concreto, las vinculadas con los humores corporales. Dentro de estas coordenadas socioculturales, la ira y el amor no correspondido se correlacionan con naturalezas coléricas y melancólicas que pueden conducir a la locura y al malestar social. En resumen, la conexión de la ira con la devastación náutica es un medio eficaz para transmitir comentarios sociales y políticos, y mensajes didácticos.
Resumo: Neste artigo, explora-se a representação da ira com relação ao tema do naufrágio em textos literários da Espanha do século 17. Tanto no gênero emblemático do período quanto em romances e peças de teatro, a ira é representada como o naufrágio da razão. A falta de controle e a destruição da mente como consequência da ira estão associadas ao naufrágio de navios por tempestades marítimas. Desde o Renascimento até o final do século 17, uma mente sã equivalia figurativamente à viagem tranquila em que o navio domina o espaço marítimo. Em contraste, a mente imprudente e incontrolável é comparável ao navio sacudido e destruído pela tempestade, incapaz de retornar do abismo das profundezas do oceano. Como mostram os textos literários da época, deixar-se dominar pelas paixões, em especial pela ira e pelo amor, era frequentemente associado à loucura e, portanto, à decadência moral, já que, de acordo com o pensamento contemporâneo, a loucura era associada à degeneração ética e, inversamente, a sanidade às virtudes cristãs. Além disso, a implicação simbólica do motivo do naufrágio na literatura espanhola do início da Idade Moderna também refletia as noções médicas da época, especificamente aquelas ligadas aos humores corporais. Dentro dessas coordenadas socioculturais, a ira e o amor não correspondido se correlacionam com naturezas coléricas e melancólicas que podem levar à loucura e ao mal-estar social. Em suma, a conexão da ira com a devastação náutica é meio eficaz de transmitir comentários sociais e políticos e mensagens didáticas.