OBJETIVO : Analisar tendências na prevalência e determinantes da desnutrição em crianças na região semiárida do Brasil. MÉTODOS : Foram analisados dados de duas pesquisas transversais domiciliares de base populacional que utilizaram a mesma metodologia. A amostragem por conglomerados foi utilizada para coletar os dados de 8.000 famílias, do estado do Ceará, Nordeste do Brasil, para os anos de 1987 e 2007. A desnutrição aguda foi calculada como peso/idade < -2 desvios padrão; nanismo como altura/idade < -2 desvios padrão; e emaciação como peso/altura < -2 desvios padrão. Os dados sobre os determinantes biológicos e sociodemográficos foram analisados por meio de análises multivariadas com base em um modelo teórico hierarquizado. RESULTADOS : Amostras de 4.513 e 1.533 crianças menores de três anos de idade, em 1987 e 2007, respectivamente, foram incluídas nas análises. A prevalência de desnutrição aguda foi reduzida em 60,0%, passando de 12,6% em 1987, para 4,7% em 2007, enquanto a prevalência de nanismo foi reduzida em 50,0%, passando de 27,0% em 1987 para 13,0% em 2007. A prevalência de emaciação teve pouca alteração no período. Em 1987, as características socioeconômicas e biológicas (renda familiar, escolaridade da mãe, disponibilidade de latrina e água potável, consulta médica e hospitalização da criança, idade, sexo e peso ao nascer) foram fatores significativamente associados à desnutrição, ao nanismo e à emaciação. Em 2007, os determinantes da desnutrição ficaram restritos às características biológicas (idade, sexo e peso ao nascer). Apenas uma característica socioeconômica, a disponibilidade de latrina, permaneceu significantemente associada ao nanismo. CONCLUSÕES : O desenvolvimento socioeconômico, além de intervenções de saúde, parecem ter efetivamente contribuído para a melhoria do estado nutricional das crianças. Peso ao nascer, especialmente o peso extremamente baixo (< 1.500 g), aparece como o fator de risco mais importante para a desnutrição na primeira infância.
OBJECTIVE : To analyze the evolution in the prevalence and determinants of malnutrition in children in the semiarid region of Brazil. METHODS : Data were collected from two cross-sectional population-based household surveys that used the same methodology. Clustering sampling was used to collect data from 8,000 families in Ceará, Northeastern Brazil, for the years 1987 and 2007. Acute undernutrition was calculated as weight/age < -2 standard deviation (SD); stunting as height/age < -2 SD; wasting as weight/height < -2 SD. Data on biological and sociodemographic determinants were analyzed using hierarchical multivariate analyses based on a theoretical model. RESULTS : A sample of 4,513 and 1,533 children under three years of age, in 1987 and 2007, respectively, were included in the analyses. The prevalence of acute malnutrition was reduced by 60.0%, from 12.6% in 1987 to 4.7% in 2007, while prevalence of stunting was reduced by 50.0%, from 27.0% in 1987 to 13.0% in 2007. Prevalence of wasting changed little in the period. In 1987, socioeconomic and biological characteristics (family income, mother’s education, toilet and tap water availability, children’s medical consultation and hospitalization, age, sex and birth weight) were significantly associated with undernutrition, stunting and wasting. In 2007, the determinants of malnutrition were restricted to biological characteristics (age, sex and birth weight). Only one socioeconomic characteristic, toilet availability, remained associated with stunting. CONCLUSIONS : Socioeconomic development, along with health interventions, may have contributed to improvements in children’s nutritional status. Birth weight, especially extremely low weight (< 1,500 g), appears as the most important risk factor for early childhood malnutrition.
OBJETIVO : Objetivo: Analizar tendencias en la prevalencia y determinantes de la desnutrición en niños en la región semiárida de Brasil. MÉTODOS : Se analizaron datos de dos investigaciones transversales domiciliares de base poblacional que utilizaron la misma metodología. El muestreo por conglomerados se utilizó para colectar los datos de 8.000 familias, del estado de Ceará, Noreste de Brasil, para los años de 1987 y 2007. La desnutrición aguda fue calculada como peso/edad < -2 desviaciones estándar; enanismo como altura/edad < -2 desviaciones estándar; y demacración como peso/altura < -2 desviaciones estándar. Los datos sobre los determinantes biológicos y sociodemográficos se analizaron por medio de análisis multivariados con base en un modelo teórico jerarquizado. RESULTADOS : Muestras de 4.513 y 1.533 niños menores de tres años de edad, en 1987 y 2007, respectivamente, se incluyeron en los análisis. La prevalencia de desnutrición aguda fue reducida en 60,0%, pasando de 12,6% en 1987, a 4,7% en 2007, mientras que la prevalencia del enanismo fue reducida en 50,0% pasando de 27,0% en 1987 a 13,0% en 2007. La prevalencia de demacración tuvo poca alteración en el período. En 1987, las características socioeconómicas y biológicas (renta familiar, escolaridad de la madre, disponibilidad de letrina y agua potable, consulta médica y hospitalización del niño, edad, sexo y peso al nacer) fueron factores significativamente asociados con la desnutrición, el nanismo y la demacración. En 2007, los determinantes de la desnutrición quedaron restringidos a las características biológicas (edad, sexo y peso al nacer). Sólo una característica socioeconómica, la disponibilidad de letrina, permaneció significativamente asociada con el enanismo. CONCLUSIONES : El desarrollo socioeconómico, así como las intervenciones de salud, parecen haber contribuido efectivamente en la mejoría del estado nutricional de los niños. Peso al nacer, especialmente el peso extremadamente bajo (<1500 g), aparece como el factor de riesgo más importante para la desnutrición en la primera infancia.