O mainstream das discussões sobre o poder, via de regra, aborda atores organizacionais que desfrutam de recursos para exercê-lo, como as condições de posse de meios de produção, de localização, de classe ou de conhecimentos técnicos, seja na organização ou na sociedade. Contudo, mesmo com toda a tecnologia gerencial de dominação e exploração desenvolvida ao longo do século XX, os trabalhadores usam estratégias políticas para resistir e influenciar os possuidores de recursos, tentando, com essas manobras, alcançar seus próprios objetivos. Neste artigo, o objetivo foi analisar as estratégias de poder de atores sociais desprovidos de recursos nas organizações. Pautado por uma pesquisa qualitativa, o estudo se baseou em dezoito entrevistas com trabalhadores de uma siderúrgica selecionados pelos critérios de tempo de casa e acessibilidade. Os dados coletados, tratados mediante a análise do discurso, indicam quatro estratégias de poder utilizadas pelos trabalhadores: 1. experiência barganhada com base no saber oriundo da experiência; 2. diversificação de vínculos afetivos com grupos detentores e não detentores de recursos; 3. obediência submissa para obtenção de reconhecimento, permanência e/ou valorização futura; e 4. popularidade planejada como meio de autoproteção calcada em visibilidade e bom relacionamento. Conclui-se que, embora os elementos formais manifestem o poder real na organização, para o alcance dos seus próprios objetivos, os trabalhadores interpretam as regras do jogo e constroem estratégias dinâmicas no contexto em que se inserem, exercendo, assim, o poder. As principais contribuições, no nível macro de análise, referem-se à problematização das implicações da ideia de propriedade privada, que não esgota a dinâmica política nas organizações. No nível meso, este estudo problematiza a objetividade do conhecimento produzido na área da Administração que, como ciência, antes de ser aplicada, é social e, por isso, precisa dos indivíduos para existir, e não pode ser construída à sua revelia. No nível micro, as contribuições destacam que o caráter social é tão importante quanto o econômico no contexto organizacional. Há racionalidades - no plural - coexistindo e competindo nas organizações, algo que os teóricos organizacionais não podem negligenciar, sob pena de reduzir a organização a uma ficção vazia, distinta da dinâmica organizacional efetiva.
The mainstream of discussions about power usually approaches only organizational actors who have resources to exercise it, as, for instance, ownership conditions of production means, of location, of class, or of technical knowledge, in the organization or the society. However, even with all managerial technology of dominance and exploration developed in the 20th century, workers use political strategies to resist and to influence the owners of resources, trying to reach their own objectives through these maneuvers. This paper aimed to deal with the analysis of power strategies of social actors without resources in organizations. Driven by a qualitative approach, it was based on eighteen interviews with workers of a company selected under the criteria of time working in the company and accessibility. The data were treated through discourse analysis, suggesting four power strategies used by the employees: 1. bargained experience based on knowledge from experience; 2. diversification of affective relations to groups with or without resources; 3. submissive obedience to get recognition, permanence, and/or future valorization; and 4. planned popularity as a self-protection means based on visibility and good relations. One concludes that, although formal elements exhibit the real power in the organization, to achieve their own goals the employees interpret the game’s rules and build dynamic strategies in the context where they operate, exercising, this way, power. The main contributions of this paper, in the macro level of analysis, refer to the discussion of implications of the idea of private property, which does not fulfill the political dynamics in organizations. In the meso-level, this study discusses the objectivity of knowledge produced in the area of Administration, which, as a science, rather than an applied is a social one and, because of that, it needs subjects to exist, and it cannot be built against their intents. In the micro level of analysis, the contributions highlight that the social aspects are as important as the economic ones in the organizational context. There are rationalities - in plural - coexisting and competing in organizations, something organizational theoreticians cannot neglect, under the penalty of reducing the organization to an empty fiction, different from an effective organizational dynamics.
La corriente principal de discusiones sobre el poder normalmente se acerca a los actores organizacionales que tienen recursos para ejercerlo, como, por ejemplo, las condiciones de propiedad de los medios de producción, de localización, de clase, o de conocimiento técnico, en la organización o en la sociedad. Sin embargo, mismo con toda tecnología directiva de dominación y exploración desarrollada en el siglo XX, los trabajadores usan estrategias políticas para resistirse y influenciar los dueños de recursos, intentando alcanzar sus propios objetivos con esas maniobras. En este artículo lo objetivo fue la análisis de estrategias de poder de actores sociales sin recursos en las organizaciones. Basado en un acercamiento cualitativo, nosotros hicimos dieciocho entrevistas con obreros de una siderúrgica seleccionados por los criterios de tiempo trabajando en la empresa y accesibilidad. Se trataron los datos a través del análisis del discurso, mientras haciendo pensar en cuatro estrategias de poder usadas por los empleados: 1. experiencia negociada basada en el conocimiento proveniente de la experiencia; 2. diversificación de relaciones afectivas a los grupos con o sin los recursos; 3. la obediencia sumisa para conseguir reconocimiento, durabilidad y/o valorización futura; y 4. popularidad planeada como medio de autopromoción basada en la visibilidad y buenas relaciones. Nosotros concluimos que, aunque los elementos formales exhiben el poder real en la organización, para lograr sus propias metas, los empleados interpretan las reglas del juego y figuran estrategias dinámicas en el contexto en que ellos operan, mientras ejerciendo, de esta manera, el poder. Las contribuciones principales de este artículo, en el nivel macro de análisis, se refieren a la discusión de implicaciones de idea de propiedad privada, que no agota la dinámica política organizacional. En el nivel meso de análisis, este estudio cuestiona la objetividad de conocimiento producida en el área de administración. Como una ciencia, antes de ser aplicada, es social y, debido a eso, necesita los individuos para existir, y no puede construirse sin ellos. En el nivel micro de análisis, las contribuciones resaltan que los aspectos sociales son tan importantes como los económicos. Hay racionalidades - en el plural - coexistiendo y compitiendo en las organizaciones, esto es algo que los investigadores organizacionales no pueden descuidar, bajo la multa de reduzca la organización a una ficción vacía, diferente de la dinámica orgánica efectiva.