Resumo Introdução: A tatuagem, é um fenômeno antropológico presente em diversas sociedades, cujas modificações relacionam-se às motivações, significados, símbolos e traços dependentes do contexto histórico e sociocultural. No entanto, o preconceito ainda é referido. Com a flexibilização dos costumes, a medicina tem absorvido em seus quadros corporativos jovens tatuados ou com o desejo de tatuar o próprio corpo. Objetivos: analisar a tipologia e motivações para uso de tatuagens por docentes e estudantes de graduação em medicina, a relação com a identidade profissional, e os efeitos no cotidiano. Metodologia: Estudo de caso, qualitativo com triangulação de métodos: questionários on-line; escala de atitudes; fotografia reflexiva; software Iramuteq. Resultados: O uso de tatuagens relaciona-se com variáveis como gênero (mulheres > homens), faixa etária (discentes > docentes) e religião (não cristãos > cristãos). A identidade profissional não é o motivo principal na escolha da tatuagem predominando as memórias afetivas e símbolos indicativos de espiritualidade. A autonomia é determinante na tomada de decisão e mostra duplo padrão: um tradicional, prudencial, dependente da aquisição de autonomia posterior à graduação e presente entre os docentes; outro anterior ao ingresso na universidade. A tolerância na forma de indiferença predomina ao lado do preconceito, notado e vivenciado por discentes e docentes. Conclusão: O relativismo moral, indicado pelas atitudes de tolerância e indiferença, demanda das instituições formadoras e reguladoras da profissão, a reflexão ética sobre princípios e valores relacionados à progressiva identificação com a profissão durante a formação: respeito, tolerância, autonomia do médico, autocuidado, e responsabilidade nas relações no trabalho. A metodologia adotada, de triangulação, foi importante para superar as dificuldades impostas pela pandemia e para a compreensão adequada do tema estudado.
Abstract Introduction: Tattooing is an anthropological phenomenon present in several societies, whose modifications are related to motivations, meanings, symbols and traits dependent on the historical and sociocultural context. However, prejudice is still referred to. With the flexibilization of customs, medicine has absorbed in its corporate cadres young tattooed or with the desire to tattoo the body itself. Objectives: to analyze the typology and motivations for the use of tattoos by professors and undergraduate students in medicine, the relationship with professional identity, and the effects on daily life. Methods: Qualitative case study with triangulation of methods: online questionnaires; scale of attitudes; reflective photography; Iramuteq software. Results: The use of tattoos is related to variables such as gender (women > men), age group (students > teachers) and religion (non-Christians > Christians). Professional identity is not the main reason for choosing a tattoo. Affective memories and symbols indicative of spirituality are the main motives. Autonomy is determinant in decision-making and shows a double standard: a traditional, prudential, dependent on the acquisition of autonomy after graduation and present among teachers; another prior to entering university. Tolerance in the form of indifference predominates alongside prejudice, noticed and experienced by students and teachers. Conclusion: Moral relativism, indicated by attitudes of tolerance and indifference, demand of the institutions that form and regulate the profession, ethical reflection on principles and values related to progressive identification with the profession during training: respect, tolerance, autonomy of the doctor, self-care, and responsibility in relationships at work. The methodology adopted, of triangulation, was important to overcome the difficulties imposed by the pandemic and to adequately understand the studied subject.