Abstract Introduction: The association of hepatitis delta virus (HDV) infection with positive autoantibodies and autoimmune features has been known for decades. However, to date, very few cases of clinical autoimmune hepatitis (AIH) have been reported in association with HDV infection, most of them being in the context of treatment with peginterferon. Case Report: This case refers to a 46-year-old woman born in Guinea-Bissau who moved to Portugal in 2018 to investigate complaints of diffuse abdominal discomfort and nausea. Her initial work-up, including laboratory and liver histology, was consistent with type 1 AIH. She had HBe antigen-negative chronic hepatitis B virus infection with negative DNA and also a positive total anti-HDV antibody, with negative IgM and undetectable RNA. Therefore, after initiating prophylactic tenofovir difumarate, she was started on prednisolone followed by azathioprine, which was later stopped due to presumed hepatotoxicity. Repeated histology showed signs of viral superinfection, and she was treated with acyclovir due to a positive herpes simplex IgM, with HDV RNA remaining negative. A third flare in transaminases prompted the introduction of mycophenolate mofetil (MMF) after a thorough exclusion of additional causes of liver disease. About 6 months later, during another bout of hepatitis, HDV RNA was finally positive and classified as genotype 5. MMF was stopped, and, considering a contraindication to interferon, the patient was offered therapy with bulevirtide, which she refused for personal reasons as she is currently living in her home country. Discussion: This is a challenging case of autoimmune or “autoimmune-like” hepatitis, probably induced by chronic HDV infection. High suspicion of HDV was essential because, had the case been interpreted as refractory AIH, with escalation of immunosuppression, a more severe course of the viral infection might have ensued. Recently, HDV suppression with bulevirtide was shown to reverse autoimmune liver disease. We hypothesize that the same could have happened to our patient, had she accepted this treatment.
Resumo Introdução: A associação da infeção pelo vírus da hepatite delta (VHD) com a presença de autoanticorpos e outros aspetos de autoimunidade é conhecida desde há várias décadas. Contudo, até à data, muito poucos casos de hepatite autoimune (HAI) clínica foram reportados em relação com a infeção VHD, sendo a maioria destes no contexto de terapêutica com interferão peguilado. Caso clínico: O caso refere-se a uma mulher de 46 anos natural da Guiné-Bissau, que se mudou para Portugal em 2018 para investigação de queixas de desconforto abdominal difuso e náuseas. A avaliação laboratorial inicial e a histologia hepática foram compatíveis com HAI tipo 1. A doente apresentava também infeção crónica a VHB (vírus da hepatite B) antigénio HBe negativa, com DNA negativo, e anti-VHD (vírus da hepatite delta) total positivo, com IgM negativo e RNA indetetável. Assim, após início de tenofovir difumarato profilático, foi iniciada terapêutica com prednisolona seguida de azatioprina, que posteriormente se interrompeu por presumível hepatotoxicidade. Uma segunda biópsia mostrou aspetos de superinfeção viral e como tal a doente foi tratada com aciclovir, tendo em conta IgM positivo para Herpes Simplex, mantendo-se o RNA VHD negativo. Um terceiro flare de transaminases motivou o início de micofenolato de mofetil, após extensa investigação e exclusão de outras causas de doença hepática. Cerca de 6 meses mais tarde, durante novo episódio de hepatite, o RNA VHD revelou-se finalmente positivo e este foi classificado como genotipo 5. O MMF foi suspenso e, considerando a contra-indicação para interferão, foi proposto à doente tratamento com bulevirtide, que esta recusou, alegando motivos pessoais, visto estar atualmente a residir no seu país de origem. Discussão: Este é um caso desafiante de hepatite autoimune, ou autoimune-like, provavelmente induzida pela infeção crónica pelo VHD. Um elevado índice de suspeição para VHD foi essencial porque, se o caso tivesse sido interpretado como HAI refratária, com incremento de imunossupressão, poderia ter-se verificado um agravamento da hepatite viral. Recentemente, foi reportado que a supressão do VHD pelo bulevirtide pode reverter a doença hepática autoimune. Questionamo-nos se o mesmo poderia ter sucedido com a nossa doente, caso esta tivesse aceite este tratamento.