RESUMO No final do século passado, a Benetton poderia ser entendida como um paradigma das transformações pós-fordistas da acumulação capitalista. Nos últimos anos, Benetton foi apontada regionalmente como um dos nomes (junto com Chevron, Monsanto, Barrik Gold, etc.) do chamado neoextrativismo. À primeira vista, parece que se trata de um dilema entre duas leituras do capitalismo e suas lógicas contemporâneas. Por um lado, o que fazem os teóricos do pós-fordismo e, por outro, aqueles que se formulam em termos de extrativismo e espoliação. Se o primeiro coloca ênfase nas formas cada vez mais sutis, mais indiretas, mais imateriais, mais "governamentais" da Forma Empresa, o segundo o faz nas formas mais diretamente despossessivas, violentas, "préhistóricas" e "soberanas" do capitalismo. Mas, para além da heterogeneidade entre uma leitura e outra, Benetton é o nome de uma empresa característica das mutações pós-fordistas e é também o nome do latifúndio que herdou a "acumulação original" do final do século XIX. Por isso, nossa proposta é tentar compreender a conjunção para além da aparente contradição, entre o momento imaterial das formas de exploração a partir da valorização das linguagens, afetos, subjetividades e o momento violento da acumulação originária. Para um diagnóstico do nosso tempo, trata-se de poder compreender o significado dessas variegações que dão conta da novidade e do original na escala global do capital.
ABSTRACT At the end of the last century, Benetton could be understood as a paradigm of the post-Fordist transformations of capitalist accumulation. In recent years, Benetton has been singled out as one of the names (along with Chevron, Monsanto, Barrik Gold, etc.) of the so-called neoextractivism. At first glance, it seems that it is a question of a disjunctive between two readings of capitalism and its contemporary logics. On the one hand that of post-Fordism theorists and in the other, those that are formulated in terms of extractivism and dispossession. If the first put the emphasis on the increasingly subtle, more indirect, more immaterial, more “governmental” forms of the Enterprise Form, the second put the emphasis on the most directly dispossessive, violent, "prehistorical" and "sovereign" character of capitalism. But beyond the heterogeneity between them, Benetton is the name of a company characteristic of post-Fordist mutations and it is also the name of the latifundium inheriting the "original accumulation" of the late nineteenth century. For this reason, our proposal is to try to understand the conjunction beyond the apparent contradiction, between the immaterial moment of forms of exploitation based on the valorization of languages, affects, subjectivities and the violent moment of original accumulation. For a diagnosis of our time, we must be able to understand the meaning of these variegations that account for the novelty and the original in the global scale of capital.
RESUMEN A fines del siglo pasado, Benetton pudo ser comprendida como un paradigma de las transformaciones post-fordistas de la acumulación capitalista. En los últimos años, Benetton ha sido señalada regionalmente como uno de los nombres (junto a Chevron, Monsanto, Barrick Gold, etc.) del llamado neo-extractivismo. A primera vista pareciera que se trata de una disyuntiva entre dos lecturas del capitalismo y sus lógicas contemporáneas. Por un lado, la que hacen los teóricos del post-fordismo y, por el otro, las que se formulan en términos de extractivismo y desposesión. Si la primera pone el énfasis en las formas cada vez más sutiles, más indirectas, más inmateriales, más “gubernamentales” de la Forma Empresa, la segunda lo hace en las formas más directamente desposesivas, violentas, “prehistóricas” y “soberanas” del capitalismo. Pero más allá de la heterogeneidad entre una y otra lectura, Benetton es el nombre de una empresa característica de las mutaciones post-fordistas y también es el nombre del latifundio heredero de la “acumulación originaria” de fines del siglo XIX. Por ello, nuestra propuesta es tratar de comprender la conjunción más allá de la aparente contradicción, entre el momento inmaterial de las formas de explotación fundadas en la valorización de lenguajes, afectos, subjetividades y el momento violento de la acumulación originaria. Para un diagnóstico de nuestro tiempo, de lo que se trata es de poder comprender el sentido de estos abigarramientos o variegaciones que dan cuenta de la novedad y de lo originario en la escala global del capital.