Resumo Em razão do número significativo de crianças maiores e adolescentes disponíveis para o processo de adoção no Cadastro Nacional de Adoção, e de a idade representar um fator de restrição e obstáculo para os pretendentes à adoção, torna-se necessário desmistificar as crenças enraizadas sobre adoção tardia. Pensando nessas questões, o presente estudo objetiva compreender os aspectos psicológicos e comportamentais das crianças e dos pais por adoção, comumente presentes no período de adaptação e convivência pós-adotiva, e analisar as atitudes dos pais diante dos obstáculos, observando a eficácia da preparação necessária aos pretendentes à adoção. Para tanto, a metodologia adotada consistiu inicialmente em embasar teoricamente a adoção tardia e suas fases de adaptação, com fundamentação psicanalítica, para a compreensão abrangente do assunto, e em uma pesquisa de campo com dois casais, pais por adoção que se encontravam no período de convivência de seis meses a um ano, para coletar dados relevantes e os correlacionar com a teoria. Por meio dos resultados obtidos, foram apontados os estágios de convivência e os aspectos psicológicos envolvidos nesse processo, bem como a importância de os pretendentes à adoção se instrumentalizarem com informações e se prepararem para a filiação afetiva. Assim, mesmo com todas as dificuldades que possam surgir no processo de adaptação na adoção tardia, em virtude de fatores como idade, preconceitos, mitos e histórico prévio de vida da criança, conclui-se que o afeto e a adoção recíproca prevalecem a qualquer desafio e que, se a experiência da adoção tardia for bem orientada, pode apresentar excelentes resultados.
Abstract Before the significant number of older children and adolescents available for adoption in the National Adoption Register, and considering age as both a restriction factor and an obstacle, rooted beliefs concerning late adoption must be demystified. In this scenario, this study aimed to understand the psychological and behavioral features of children and their adopting parents during the adjustment period soon after adoption, besides analyzing parents’ attitudes toward obstacles in light of the necessary preparation on the part of couples intending to adopt. Based on psychoanalytical principles, this study first sets the theoretical foundations of late adoption and its adjustment phases to reach a comprehensive understanding of the issue. To collect data and relate them to the underlying theory, a field research was conducted with two adopting couples in the adjustment period, which ranges from six months to a year. The results indicate the adjustment phases and psychological features underlying this process, besides stressing the importance of parents who intend to adopt for searching for information on the issue and preparing themselves for an affective adoption. Despite the difficulties in late-adoption adaptation - due to age, prejudices, myths, and the previous lives of children, - affection and mutual adoption can overcome any challenges that may arise. Moreover, if the late adoption process is adequately guided, it may present excellent results.
Resumen Debido al número significativo de niños mayores y adolescentes disponibles para el proceso de adopción en el Catastro Nacional de Adopción, y siendo la edad un factor de restricción y obstáculo para los adoptantes, es necesario desmitificar las creencias en relación a la adopción tardía. En este sentido, el presente trabajo tiene por objeto comprender los aspectos psicológicos y comportamentales de los niños y de los padres por adopción, comúnmente presentes en el período de adaptación y convivencia postadoptiva, así como analizar las actitudes de los padres ante a los obstáculos, observando la eficacia de la preparación necesaria para los aspirantes a adopción. Para ello, la metodología adoptada consistió inicialmente en basar teóricamente la adopción tardía y sus fases de adaptación, con fundamentación psicoanalítica, para una comprensión más amplia del asunto, y una investigación de campo con dos parejas, que son padres por adopción entre seis meses a un año, para recoger datos relevantes y correlacionarlos con la teoría. Los resultados apuntan las etapas de convivencia y los aspectos psicológicos que involucran este proceso, así como la importancia de los aspirantes a adopción para conseguir informaciones y prepararse para la filiación afectiva. Incluso con todas las dificultades que puedan surgir en el proceso de adaptación en la adopción tardía, en virtud de la edad, de los prejuicios, mitos y por el histórico previo de vida que el niño carga, se concluye que el afecto y la adopción recíproca prevalecen ante cualquier desafío y que si bien orientada la experiencia de la adopción tardía se puede presentar excelentes resultados.