JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Ainda não está bem estabelecida a concentração de lidocaína que é potencialmente capaz de determinar lesão no tecido nervoso. O objetivo desta pesquisa foi estudar os efeitos sobre a medula espinhal e as meninges, de concentrações crescentes de lidocaína administrada por via subaracnóidea, em injeção única através de agulha de Quincke. MÉTODO: Após a aprovação da Comissão de Ética em Experimentação Animal, 40 cães adultos foram anestesiados com fentanil e etomidato e submetidos a punção subaracnóidea com agulha de Quincke 22G 21/2 para introdução de 1 mL, em 10 segundos, de solução glicosada a 7,5% - Grupo 1; lidocaína a 5% em solução glicosada a 7,5% - Grupo 2; lidocaína a 7,5% em solução glicosada a 7,5% - Grupo 3; lidocaína a 10% em solução glicosada a 7,5% - Grupo 4. Após a recuperação da anestesia venosa, foram observados, no período em que os animais estavam em vigência do bloqueio subaracnóideo, a presença de bloqueio motor, o tônus do esfíncter anal (normal ou relaxado) e o nível de bloqueio sensitivo nos diferentes dermátomos das regiões cervical, torácica, lombar e sacral. Os animais permaneceram em cativeiro por 72 horas. Foram avaliados o tônus do esfíncter anal, a motricidade das patas posteriores, a sensibilidade dolorosa nas patas anteriores e posteriores e nos dermátomos sacrais, lombares e torácicos. Após serem sacrificados por eletrocussão sob anestesia, foram retiradas porções lombar e sacral da medula espinhal e das meninges para exame histológico por microscopia óptica. RESULTADOS: Nenhum animal dos Grupos 1 e 2 apresentou lesões clínicas ou histológicas. Três animais do Grupo 3 apresentaram alterações motoras nas patas posteriores e relaxamento do esfíncter anal. Nestes, foram observados focos de necrose na região posterior (dois cães) e necrose em faixa em toda a superfície medular (um cão). Em um outro animal deste grupo, no qual foram notados focos de necrose, em área inferior a 5% do campo histológico não foram encontradas alterações clínicas. Sete animais do Grupo 4 apresentaram alterações clínicas (paralisia ou diminuição de força muscular nas patas posteriores, relaxamento do esfíncter anal) e histológicas (necrose na faixa da superfície medular ou focos de necrose de tecido nervoso). CONCLUSÕES: Neste estudo, a lidocaína em concentrações superiores a 7,5%, em injeção única, administrada no espaço subaracnóideo por meio de agulha de Quincke, determinou alterações histológicas sobre a medula espinhal, mas não sobre as meninges.
BACKGROUND AND OBJECTIVES: Lidocaine concentration potentially able to determine nervous tissue injury is still not well established. This study aimed at investigating the effect of increasing spinal lidocaine concentrations in single injection through Quincke needle. METHODS: After the Animal Experiment Ethical Committee approval, 40 adult animals were anesthetized with fentanyl and etomidate and submitted to spinal puncture with 22G 21/2 Quincke needle for the introduction of 1 mL of 7.5% glucose solution in 10 seconds - Group 1; 5% lidocaine in 7.5% glucose solution - Group 2; 7.5% lidocaine in 7.5% glucose solution - Group 3; 10% lidocaine in 7.5% glucose solution - Group 4. After intravenous anesthesia recovery and in the presence of spinal block, the following parameters were observed: presence of motor block, anal sphincter tone (normal or relaxed) and sensory block level in different cervical, thoracic, lumbar and sacral dermatomes. Animals remained in captivity for 72 hours. Anal sphincter tone, hind paws mobility, painful fore and hind paws and sacral, lumbar and thoracic dermatomes sensitivity were evaluated. Were euthanized by electrocution under anesthesia and spinal cord and meningeal lumbar and sacral portions were removed for histological exam under optic microscopy. RESULTS: No Group 1 and 2 animal presented clinical or histological injuries. Three Group 3 animals presented hind paws motor changes and anal sphincter relaxation with foci of posterior necrosis (two dogs) and fascial necrosis in all spinal cord surface (one dog). In a different animal of this group in which foci of necrosis were observed in less than 5% histological field, no clinical changes were found. Seven Group 4 animals presented clinical changes (paralysis or decreased muscle strength in hind paws, anal sphincter relaxation) or histological changes (spinal cord surface band necrosis or nervous tissue necrosis foci). CONCLUSIONS: In this study, spinal lidocaine in concentrations above 7.5% in single injection through Quincke needle has determined histological changes on spinal cord, but not on meninges.
JUSTIFICATIVA Y OBJETIVOS: Todavía no ha quedado bien establecida la concentración de lidocaína que es potencialmente capaz de determinar lesión en el tejido nervioso. El objetivo de esta pesquisa fue el de estudiar los efectos sobre la médula espinal y las meninges, de concentraciones crecientes de lidocaína administrada por vía subaracnoidea, en inyección única a través de aguja de Quincke. MÉTODO: Después de la aprobación de la Comisión de Ética en Experimentación Animal, 40 perros adultos fueron anestesiados con fentanil y etomidato y sometidos a punción subaracnoidea con aguja de Quincke 22G 21/2 para introducción de 1 mL, en 10 segundos, de solución glicosada a 7,5% - Grupo 1; lidocaína a 5% en solución glicosada a 7,5 % - Grupo 2; lidocaína a 7,5% en solución glicosada a 7,5% - Grupo 3; lidocaína a 10% en solución glicosada a 7,5% - Grupo 4. Después de la recuperación de la anestesia venosa, se observó, durante el período en que los animales estaban bajo los efectos del bloqueo subaracnoideo, la presencia de bloqueo motor, el tono del esfínter anal (normal o relajado) y el nivel de bloqueo sensitivo en los diferentes dermátomos de las regiones cervical, torácica, lumbar y sacral. Los animales permanecieron en cautiverio por 72 horas. Se evaluaron el tono del esfínter anal, la motricidad de las patas posteriores, la sensibilidad dolorosa en las patas anteriores y posteriores y en los dermátomos sacrales, lumbares y torácicos. Ellos fueron sacrificados por electrocución bajo anestesia y fueron retiradas las partes lumbar y sacral de la médula espinal y de las meninges para examen histológico por microscopía óptica. RESULTADOS: Ningún animal de los Grupos 1 y 2 presentó lesiones clínicas o histológicas. Tres animales del Grupo 3 presentaron alteraciones motoras en las patas posteriores y relajamiento del esfínter anal. En ellos se observaron focos de necrosis en la región posterior (dos perros) y necrosis en faja en toda la superficie medular (un perro). En otro animal de ese grupo, en el cual se observó focos de necrosis, en área inferior a 5% del campo histológico, no se encontraron alteraciones clínicas. Siete animales del Grupo 4 presentaron alteraciones clínicas (parálisis o disminución de fuerza muscular en las patas posteriores, relajamiento del esfínter anal) e histológicas (necrosis en faja de superficie medular o focos de necrosis de tejido nervioso). CONCLUSIONES: En ese estudio, la lidocaína en concentraciones superiores a 7,5%, en inyección única, administrada en el espacio subaracnoideo a través de aguja de Quincke, determinó alteraciones histológicas sobre la médula espinal, pero no sobre las meninges.