Resumo Durante a pandemia do COVID-19, mudanças ocorreram em diversos campos, fazendo-se importante conhecer os contextos de risco social e psíquico que marcam condições de vulnerabilidade e vulneração, vividas por crianças e bebês, a despeito de crianças: refugiadas, residentes em favela e crianças vítimas de violência intrafamiliar. Objetivo: Conhecer possíveis riscos à saúde mental de crianças, em situação de vulnerabilidade, no período da pandemia de Covid-19, na realidade brasileira. Método: Estudo de mídia, com vistas à análise do contexto sociopolítico, favorecendo a visão crítica de leituras de mundo distintas, fundamental para compreensão do objeto pretendido. Resultado: A partir dos dados levantados, estruturou-se categorias específicas à cada grupo estudado, a saber: 1) crianças refugiadas: precariedade do abrigo; dimensão legal; perdas e lutos; e xenofobia. 2) crianças residentes periféricas: perdas e lutos; violência à criança; acesso à saúde; e fome. 3) violência intrafamiliar: direitos da criança em situação de violência; violência doméstica na pandemia e meios extradomiciliares que amparam a criança. Os resultados obtidos em cada um dos objetivos específicos, denunciam especificidades de cada um dos grupos: as crianças refugiadas, além de perderem direitos vivenciam perda da sua origem, dificultando o endereçamento do seu sofrimento a um “outro”. As crianças residentes em periferias, além de serem afetadas pela pandemia, sofreram efeitos da necropolitica, advinda da herança colonial. Crianças vítimas de violência intrafamiliar enfrentaram agravos decorrentes do isolamento social e adoecimnto psíquico dos cuidadores. Considera-se, por fim que sem a denúncia necessária, os riscos de esquecimento de tão grave problemática pode se fazer efetivar e os recursos necessários ao cuidado não se fazerem urgentes. A análise da mídia favoreceu lidar com uma lacuna no campo científico, possibilitando a criação de reflexões da condição de vulneração de populações invisibilizadas.
Abstract During the COVID-19 pandemic, changes occurred in several fields, making it important to know the contexts of social and psychic risk that mark conditions of vulnerability and vulnerability, experienced by children and babies, despite children: refugees, residents in favelas and children’s victims of domestic violence. Objective: To know possible risks to the mental health of children, in a situation of vulnerability, in the period of the Covid-19 pandemic, in the Brazilian reality. Method: Media study, with a view to analyzing the sociopolitical context, favoring a critical view of different world readings, fundamental for understanding the intended object. Result: From the collected data, specific categories were structured for each group studied, namely: 1) refugee children: precariousness of the shelter; legal dimension; losses and mourning; and xenophobia. 2) children living in peripheral areas: losses and bereavements; child violence; access to health; and hunger. 3) domestic violence: rights of children in situations of violence; domestic violence in the pandemic and extra-domiciliary means that support the child. The results obtained in each of the specific objectives, denounce specificities of each of the groups: refugee children, in addition to losing rights, experience the loss of their origin, making it difficult to address their suffering to an “other”. Children residing in peripheries, in addition to being affected by the pandemic, suffered the effects of necropolitics, arising from the colonial heritage. Children victims of intrafamily violence faced injuries resulting from social isolation and mental illness of caregivers. Finally, it is considered that without the necessary denouncement, the risks of forgetting such a serious problem can become effective and the resources necessary for care do not become urgent. Media analysis favored dealing with a gap in the scientific field, enabling the creation of reflections on the vulnerable condition of invisible populations.