RESUMO A partir da geopoética, esse artigo busca introduzir o conceito mais específico da geopoética da lama como forma relevante de abordagem analítica estética para a percepção do estresse ambiental e social do mundo contemporâneo. Para tanto, buscamos, em diversas manifestações artísticas brasileiras, como a poesia, a música, o cinema e as artes visuais, exemplos em que a materialidade e a simbologia da lama são usadas para revelar uma miséria que reflete, de certa forma, o descompasso entre o ser humano e o meio ambiente. Tal descompasso está na reflexão de pensadores de distintas áreas, como o médico e geógrafo Josué de Castro, o poeta e professor Michel Collot, o filósofo Gaston Bachelard, o sinólogo Augustin Berque e os pensadores indígenas Davi Kopenawa e Ailton Krenak. Essa reflexão sobre os espaços atuais acaba revelando as cargas racista e colonial que ainda imperam em suas organizações e ocupações, como apontam Silvio Almeida e Enrique Dussel. No entanto, embora seja indício dessa violência, observamos que a lama possui, devido ao poder de expressão artística de sua elasticidade formal e simbólica, potência política não apenas para denunciar mazelas socioambientais como também para propor resistências e possibilidades, que passam também pela consciência por meio da sensibilização e pela reconciliação do ser humano com seu meio. contemporâneo tanto buscamos brasileiras poesia música visuais reflete ambiente áreas Castro Collot Bachelard Krenak ocupações Dussel entanto violência possui simbólica possibilidades
ABSTRACT Based on geopoetics, this article seeks to introduce the more specific concept of geopoetics of mud as a relevant form of an aesthetic analytical approach to the perception of environmental and social stress in the contemporary world. To this end, we sought, in various Brazilian artistic expressions, such as poetry, music, cinema, and visual arts, examples in which the materiality and symbolism of mud are used to reveal poverty and misery that reflect, in a certain way, the mismatch between human beings and the environment. This disconnection is reflected in the meditations of academicians from different areas, such as the doctor and geographer Josué de Castro, the poet and professor Michel Collot, the philosopher Gaston Bachelard, the sinologist Augustin Berque as well as the indigenous thinkers Davi Kopenawa and Ailton Krenak. This reflection on current spaces ends up revealing the racist and colonial burden that still prevails in their organizations and occupations, as Silvio Almeida and Enrique Dussel point out. However, although it is an indication of this violence, we observe that mud has, through the power of artistic expression on its material and symbolic elasticity, political power not only to denounce socio-environmental problems but also to propose resistance and possibilities, which also involve awareness through sensibility and reconciliation of human beings with their environment. world end sought expressions poetry music cinema arts reflect way environment areas Castro Collot Bachelard Krenak occupations out However violence has elasticity socioenvironmental socio possibilities