Resumo A Matemática, historicamente identificada no imaginário social como difícil e, portanto, feita para poucos, aparece no contexto escolar ora como fonte de prazer para alguns estudantes, ora como sofrimento para outros, que dela fogem sempre que possível. Destarte, neste trabalho, pretende-se compreender e analisar o trauma de estudantes com dificuldades de aprendizagem matemática sob a ótica psicanalítica, a partir de depoimentos de discentes universitários atendidos pelo Serviço de Apoio Pedagógico (SAP) da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB). Para tanto, recorreu-se à literatura psicanalítica freudiana sobre o trauma, num movimento que buscou entrelaçar as percepções teóricas e os testemunhos dos graduandos sobre seus desejos, medos e angústias no tocante à dialética saber/não-saber, partindo do pressuposto de que a sala de aula é um lugar de vida que oportuniza o encontro de histórias, desejos, subjetividades, prazeres e sofrimentos, onde professores e estudantes, muitas vezes já traumatizados nas relações com o saber, estão também envoltos pela dimensão do inconsciente que comparece à cena pedagógica. Dentre outras proposições, pensamos que a rejeição e o bloqueio mental em relação à Matemática escolar e a tudo o que dela se aproxime, ainda que inconscientemente, possa advir de possíveis relações traumáticas do sujeito com esse saber, tecidas ao longo de toda a constituição de sua história psíquica.
Abstract Mathematics, historically identified in the social imaginary as difficult and, therefore, made for a few, appears in the school context sometimes as a source of pleasure for some students, sometimes as suffering for others, who flee from it whenever possible. Thus, in this work, we intend to understand and analyze students’ trauma with mathematical learning difficulties from a psychoanalytic perspective, based on testimonials from university students attended by the Serviço de Apoio Pedagógico (SAP) of the Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB). For this, Freudian psychoanalytic literature on trauma was used, in a movement that sought to intertwine the students’ theoretical perceptions and testimonies about their desires, fears, and anxieties regarding the dialectic of knowing/not-knowing, based on the assumption that the classroom is a place of life that allows the encounter of stories, desires, subjectivities, pleasures, and sufferings, where teachers and students, often traumatized in their relations with knowledge, are also involved by the dimension of the unconscious that appears in the pedagogical scene. Among other propositions, we think that the rejection and mental block in relation to school mathematics and everything that approaches it, even if unconsciously, may result from possible traumatic relationships of the subject with this knowledge, woven throughout the entire constitution of your psychic history.