Resumo: Neste estudo, preocupou-nos analisar as narrativas de vida de meninas-mães e de pais adolescentes, a partir das suas próprias histórias, da sua voz, e dos termos com que narram as suas vivências. Quisemos explorar temas que não são usualmente abordados em estudos sobre a maternidade e a gravidez em jovens adolescentes, e que exigem dar atenção à voz dos sujeitos e a escuta destes. De referir, que tivemos por base uma abordagem inspirada na teoria fundamentada do autor Anselm Strauss(grounded theory). Diremos que a gravidez e a maternidade se apresentam como uma etapa de descobertas inimaginadas e medos prementes para as meninas-mães. Existem mágoas, dúvidas, incertezas que progressivamente deixarão de existir para conseguirem construir a sua própria gravidez. Gravidezes que não foram desejadas, não foram planedadas, mas irão inserir-se num novo projeto - o de ser mãe.Temporalmente estamos perante uma fase bem delineada com o aparecimento de mudanças, quer físicas, quer psicológicas, quer sociais, que irão levar a momentos na vida destas adolescentes mães muito peculiares e, que permitirão, paulatinamente, ensinar a jovem a ser mãe ou, alternativamente, à rejeição da sua gravidez e da sua maternidade. No primeiro caso, que corresponde à maioria das situações por nós analisadas e estudadas, o projeto de maternidade que não foi desejado acabaria por ser assumido, ainda que através de trajetórias diferentes. Tornaram-se mães sem o quererem, não obstante, incorporaram um novo projeto de vida em que incluíram o bebé como se de um projeto planeado se tratasse. Refira-se ainda, pois é importante, para estas meninas, que no momento em que efetuamos as entrevistas (e decorreram no terreno durante 9 meses), apenas uma menina não tinha consigo o namorado. Com medo ou 'apovorado' com a ideia de ser pai deixou a menina de 12 anos grávida. Ouvimos relatos, na primeira pessoa, de meninas que se tornaram mães sem querer, mas que com a ternura dos afetos acreditaram que seria possível construir uma nova identidade - a de mãe.
Abstract: In this study, we were concerned to analyze the life narratives of girls-mothers and adolescent parents, based on their own stories, their voice, and the terms with which they narrate their experiences. We wanted to explore topics that are not usually addressed in studies on motherhood and pregnancy in young adolescents, and that require paying attention to the voice of the subjects and listening to them. It should be noted that we were based on an approach inspired by the grounded theory of the author Anselm Strauss (grounded theory). We will say that pregnancy and motherhood present themselves as a stage of unimagined discoveries and pressing fears for girls-mothers. There are sorrows, doubts, uncertainties that will progressively cease to exist in order to be able to build their own pregnancy. Pregnancies that were not desired, have not been planned, but will be part of a new project - that of being a mother. Sometimes we are facing a well-designed phase with the appearance of changes, both physical, psychological, and social, that will lead to moments in the lives of these very peculiar adolescent mothers and that will gradually allow the young woman to be a mother or In the first case, which corresponds to most of the situations we analyzed and studied, the maternity project that was not desired would eventually be assumed, albeit through different trajectories. They became mothers without wanting to, nevertheless, they incorporated a new life project in which they included the baby as if it were a planned project. It should also be noted, because it is important for these girls that at the time we conducted the interviews (and took place on the ground for 9 months), only one girl did not have her boyfriend with her. Afraid or 'earned' by the idea of being a father left the 12-year-old girl pregnant. We heard reports, in the first person, of girls who became mothers unintentionally, but who with the tenderness of affections believed that it would be possible to build a new identity - that of a mother.