This paper aims to discuss the processing of "o mesmo" as a coreferential anaphora in contexts where the pronoun "ele" could be employed and its possible effects on reading comprehension. We know that anaphora plays a relevant role in text production and in its access and comprehension, which makes it the focus of many studies in linguistics and psychology. In a coreferential relation, the way in which we take up an antecedent also reflects on processing costs and can, therefore, affect the mental representation of the text. In this research, to address the aspects listed, we mobilize previous studies on the processes involved in reading and present the results of a self-monitored reading test carried out with 26 university students. We analyze two measures to correlate reading time: the total reading time of the sentences shown to the participants and the reading time of the post-anaphoric segment. In addition, we assessed the accuracy of the answers to the attention control questions. Although there is a negative view of the employment of "o mesmo" as an anaphor, it fulfills the role that an anaphora plays in the referential progression of a text, providing the reader with the resumption of the antecedent. Results reported here demonstrate this effect, showing no statistically significant differences in the processing of the tested variable. Furthermore, with regard to the attention control question answered by the participants, there was the same number of correct answers, both in sentential sets constructed with "o mesmo" and "ele". Studies of anaphoric processing have shown that the pronoun is a linguistic element processed more quickly than the repetition of the antecedent since the pronoun has less semantic information, which avoids overloading the working memory. The syntagma "o mesmo" seems to follow this same logic. Thus, based on the results obtained through the self-paced reading test, the syntagma "o mesmo" seems to act as a resumption element, building cohesive chains and keeping the previously introduced referent in the reader's focus, in the same way as the pronoun.
Este trabalho tem por objetivo discutir sobre o processamento de “o mesmo” como anáfora correferencial, em contextos nos quais o pronome “ele” poderia ser utilizado, e seus possíveis efeitos na compreensão em leitura. Sabe-se que a anáfora tem importante papel na elaboração de um texto e no seu acesso e compreensão, o que a torna foco de muitos estudos desenvolvidos na área da linguística e da psicologia. Em uma relação correferencial, a forma de retomar um antecedente reflete, também, nos custos de processamento e, por conseguinte, pode afetar a representação mental do texto. Para abordar os aspectos elencados, mobilizam-se neste estudo fundamentos em torno dos processos envolvidos na leitura e, ainda, apresentam-se resultados de teste de leitura automonitorada realizado com 26 estudantes universitários. Para correlacionar o tempo de leitura foram analisadas duas medidas, a saber: o tempo total de leitura da sentença às quais os participantes foram expostos e o tempo de leitura do segmento pós-anafórico. Para além disso, foi avaliada, também, a acurácia das respostas às perguntas de controle de atenção. Embora haja uma visão negativa acerca do uso de “o mesmo” como anafórico, ele cumpre o papel que uma anáfora tem na progressão referencial de um texto, propiciando ao leitor a retomada do antecedente. Isso pode ser demonstrado por meio do resultado do teste ora reportado, no qual foi constatado que não houve diferenças estatisticamente significativas no que diz respeito ao processamento das variáveis testadas. Além disso, no que tange à pergunta de controle de atenção respondida pelos participantes, obtiveram-se os mesmos índices de acertos, tanto em conjuntos sentenciais construídos com “o mesmo” quanto com “ele”. Os estudos de processamento anafórico têm mostrado o pronome como um elemento linguístico de processamento mais rápido quando comparado à repetição do antecedente, uma vez que o pronome possui menos informações semânticas, o que evita sobrecarga da memória de trabalho. O sintagma “o mesmo”, por sua vez, parece seguir essa mesma lógica. Assim, a partir dos resultados obtidos por meio do teste de leitura automonitorada, o sintagma “o mesmo” parece atuar como elemento de retomada construindo cadeias coesivas e fazendo com que o referente previamente introduzido seja mantido no foco do leitor, da mesma forma que ocorre com o pronome.