A rentabilidade dos bancos é geralmente considerada um fator relevante para garantir a solidez do sistema financeiro, reduzindo os riscos associados aos eventos de insolvência nesse setor. No Brasil, porém, tem havido discussões quanto aos lucros das instituições financeiras que atuam no país, centradas no argumento de que tais lucros seriam supostamente muito elevados, onerando demasiadamente o setor produtivo. Por isso, diversos estudos têm avaliado a estrutura, a evolução e os determinantes do spread bancário, que é considerada a principal variável responsável pelos lucros supostamente anormais. Do ponto de vista metodológico, essas pesquisas têm se concentrado em investigar o spread ex ante das operações com recursos livres e têm utilizado fatores macroeconômicos como variáveis independentes. Este estudo busca identificar variáveis determinantes do spread bancário ex post, privilegiando variáveis explanatórias específicas das instituições, vale dizer, microeconômicas. Na literatura sobre determinantes do spread bancário ex post no Brasil, foi identificado apenas um trabalho anterior, o qual apresentou resultados pouco representativos, devido a um problema de micronumerosidade. Para evitar tal problema, este estudo utiliza dados dos balancetes de janeiro/2000 a outubro/2009 de instituições bancárias com carteira de crédito ativa. Utilizando um modelo de regressão com dados em painel dinâmico, são testadas nove hipóteses, constatando-se que o nível de spread ex post tem relação significativa e: 1. positiva com o risco de crédito da carteira, com o grau de concentração do mercado de crédito e com o nível de atividade da economia; 2. negativa com a participação relativa da instituição no mercado de crédito. Por outro lado, não foram encontradas relações estatisticamente relevantes entre o spread ex post e: o nível de cobertura das despesas administrativas pelas receitas de prestações de serviços; a origem do capital de controle da instituição, isto é, nacional versus estrangeiro e estatal versus privado; a taxa básica de juros da economia; a volatilidade do Ibovespa.
Bank profitability is usually considered a relevant factor to provide the reliability of the financial system, reducing the risks associated to events of bankruptcy in this sector. In Brazil, however, there has been a great deal of discussion concerning the amount of earnings of financial institutions operating in the country, centered on the argument that such earnings are too large, becoming an excessive burden to the wealth-producing sector. For this reason, several studies have evaluated the structure, the evolution, and the determinants of bank spread, which is taken as the main variable responsible for the supposedly abnormal earnings. From the methodological viewpoint, these studies have concentrated in investigating the ex ante bank spread related to operations with free resources and they have used macroeconomic factors as independent variables. This study aims at identifying variables determining the ex post bank spread, privileging explanatory variables intrinsic to the institutions, in other words, microeconomic. The literature on determinants of banking ex post spread in Brazil presents a single previous paper, which presents poor results due to a problem of micronumerosity. To avoid such problem, our study uses data of balance sheets of banking institutions with operating credit portfolios from January 2000 to October 2009. Using a dynamic panel-data regression model, we tested nine hypotheses and we found that the level of ex post bank spread has relationships which are significant and: (i) positive with the credit portfolio risk; (ii) negative with the relative participation of the institutions in the credit market. On the other hand, we could not find statistically significant relationships between the level of ex post bank spread and: the level of coverage of administrative expenses by revenues from services rendered; the origin of the institutions' controlling capital, i.e. national versus foreign and state-owned versus private; the economy's basic interest rate; the volatility of the Sao Paulo Stock Exchange stock index.
La rentabilidad de los bancos generalmente es considerada un factor relevante para la solidez del sistema financiero, lo que reduce el riesgo de insolvencia. En Brasil, sin embargo, ha habido discusiones en cuanto a las ganancias de los bancos, con el argumento de que serían muy altas, una carga para el sector productivo. Por lo tanto, varios estudios han evaluado la estructura, evolución y los determinantes del spread bancario, la variable principal responsable por los beneficios supuestamente anormales. Estos estudios se han centrado en la investigación del spread ex ante de las operaciones con recursos libres y utilizado factores macroeconómicos como variables independientes. Este estudio busca identificar los factores determinantes del spread ex post, privilegiando variables explicativas específicas de las instituciones (microeconómicas). En la literatura sobre los determinantes del spread ex post en Brasil, se identificó sólo un estudio anterior, con resultados poco representativos, debido al problema de la micronumerosidad. Utilizando los datos de los balances de enero/2000 hasta octubre/2009 de los bancos con cartera activa de préstamos, se ponen a prueba nueve hipótesis, observándose que el nivel del spread ex post tiene relación significativa y: (i) positiva con el riesgo de crédito de la cartera, con el grado de concentración del mercado de crédito y el nivel de actividad económica, y (ii) negativa con la participación relativa de la institución en el mercado de crédito. Por otro lado, no hubo relaciones significativas entre el spread ex post y: el nivel de cobertura de los gastos administrativos de los ingresos por prestación de servicios; el origen del capital de control de la institución, es decir, nacional o extranjero, y de propiedad estatal o privada, la tasa básica de interés de la economía y la volatilidad del índice IBovespa.