Na Amazônia, o mercado de terras se impõe pela conversão da floresta em terras para o mercado. Parte dessas terras é fruto do ilícito, com uso de diferentes níveis de violência, e produzem alterações na paisagem florestal. Argumentamos que os conflitos por terra são sinalizadores nos territórios de ação dos mecanismos geradores de terra, como mercadoria, que operam na região. Partindo das situações de conflitos por terra mapeadas pela Comissão Pastoral da Terra no período de 2012 a 2021 e as categorias analíticas da economia agrária (trajetórias tecnológicas, TT), para 2006 e 2017, construímos uma análise em nível municipal baseada em dois períodos. De 2012 a 2017, buscamos identificar e caracterizar os territórios onde esses mecanismos estiveram presentes, observando-os em conjunto às transições de estado das TTs de 2006 para 2017. De 2018 a 2021, buscou-se identificar processos e tendências para o período mais recente. Municípios que convergiram para economias baseadas em sistemas patronais de pecuária e de agricultura de grãos concentraram mais de 60% dos conflitos ocorridos na década. Os resultados mostram a persistência dos conflitos em áreas históricas, como no sudeste paraense, e em novas fronteiras, como em municípios da fronteira Amazonas, Rondônia e Acre. Há, também, a interiorização das violências em direção à Amazônia ocidental, em municípios de economias baseadas no bioma em arranjos diversos, revelando novas frentes de interesse do recurso terra. Os resultados contribuem para o debate das violências na Amazônia, a partir das escolhas pelo modelo de desenvolvimento agrário, que pode resultar no adoecimento de indivíduos e comunidades aprisionados em disputas para o controle dos modos de viver e produzir.
En la Amazonia, el mercado de tierras se impone convirtiendo la selva en tierras para el mercado. Parte de estas tierras es resultado de actividades ilícitas, con el uso de diferentes niveles de violencia, y produce cambios en el paisaje forestal. Sostenemos que los conflictos por la tierra son señales en los territorios de acción de mecanismos generadores de tierra, como mercancía, que operan en la región. Con base en las situaciones de conflicto por tierra mapeadas por la Comisión Pastoral de la Tierra en el período del 2012 al 2021 y las categorías analíticas de la economía agraria (trayectorias tecnológicas, TT), para el 2006 y el 2017, construimos un análisis a nivel municipal con base en dos períodos. Del 2012 al 2017, buscamos identificar y caracterizar los territorios en los que estos mecanismos estaban presentes, observándolos junto con las transiciones estatales de las TT del 2006 al 2017. Del 2018 al 2021, buscamos identificar procesos y tendencias para el período más reciente. Los municipios que convergieron hacia economías basadas en sistemas patronales de ganadería y agricultura de granos concentraron más del 60% de los conflictos que tuvieron lugar en la década. Los resultados muestran la persistencia de conflictos en áreas históricas, como en el sudeste del Pará, y en nuevas fronteras, como en municipios en la frontera de Amazonas, Rondônia y Acre. También está la internalización de las violencias hacia la Amazonia occidental, en municipios con economías basadas en el bioma en diferentes arreglos, revelando nuevos frentes de interés para el recurso tierra. Los resultados contribuyen al debate sobre las violencias en la Amazonia, con base en opciones de modelo de desarrollo agrario, que pueden resultar en la enfermedad de individuos y comunidades atrapados en disputas para el control de las formas de vida y de producción.
In the Amazon, the land market is imposed by the conversion of the forest into land for economic purposes. Part of this land is the result of illicit actions, using different levels of violence and producing changes in the forest landscape. We argue that conflicts over land are signs in the territories of the action of mechanisms to generate land as a commodity in the region. Based on the situations of land conflicts mapped by the Pastoral Land Commission in the period from 2012 to 2021 and the analytical categories of the agrarian economy (technological trajectories, TTs) for 2006 and 2017, an analysis was built at the municipal level based on two periods. From 2012 to 2017, we sought to identify and characterize the territories where these mechanisms were present, observed in conjunction with the state transitions of the TTs from 2006 to 2017. From 2018 to 2021, we sought to identify processes and trends for the most recent period. Municipalities that converged to economies based on livestock and grain farming systems concentrated more than 60% of the conflicts that occurred in the decade. The results show the persistence of conflicts in historical areas, such as in the southeast of Pará, and in new borders, such as in municipalities on the Amazonas, Rondônia and Acre borders. There is also the internalization of violence towards the western Amazon, in municipalities with economies based on the biome in different arrangements, revealing new fronts of interest for the land resource. The results contribute to the debate on violence in the Amazon, based on the choices for the agrarian development model, which can result in illnesses of individuals and communities trapped in disputes, to control the ways of living and producing.