RESUMO O artigo discute o pensamento de Paul Tillich, teólogo protestante teutoestadunidense, e sua abordagem a respeito dos problemas da modernidade e do capitalismo. A crítica de Tillich ao capitalismo é uma crítica à modernidade, isto é, de um tipo de racionalidade como uma forma de dessignificação da natureza, ou seja, sua objetificação, e, então, sua dominação. O teólogo compreende que essa forma de racionalidade é estruturante para o modelo econômico de exploração e, em decorrência, de suas consequências sociais e, podemos entender, também ambientais. Superar a crise atual, portanto, envolver repensar a relação do ser humano com a natureza e sua forma de pensá-la. Busca-se, assim, uma racionalidade teológica e religiosa capaz de abarcar a autonomia ao mesmo tempo em que se relacione com a natureza enquanto um significante. Leonardo Boff, pensador católico, chama esse processo de modo de pensar sacramental; Tillich de novo realismo (crente) e/ou teonomia. Chamamos, aqui, de racionalidade da graça, isto é, uma racionalidade a partir da relacionalidade no lugar da dominação. Esta racionalidade supera dicotomias a partir de um modo de conhecer, pensar e comunicar abrangente e reconciliador. Em síntese, o artigo objetiva demonstrar o desenvolvimento do tema no pensamento de Paul Tillich e discuti-lo com os desafios que se impõem do paradigma contemporâneo e as contribuições que a teologia e as ciências da religião podem oferecer à epistemologia geral da humanidade e do ecossistema.
ABSTRACT This article discusses the thought of Paul Tillich, a German-Unitedstatian Protestant theologian, and his approach to the issues of modernity and capitalism. Tillich’s critique of capitalism is a critique of modernity, specifically a type of rationality that leads to the desanctification of nature, meaning its objectification and subsequent domination. Tillich understands this form of rationality as foundational to the economic model of exploitation and its social and, we can also understand, environmental consequences. Overcoming the current crisis, therefore, involves rethinking the relationship between humans and nature and their way of conceptualizing it. Thus, the pursuit is for a theological and religious rationality capable of encompassing autonomy while relating to nature as a significant entity. Leonardo Boff, a Catholic thinker, refers to this process as a sacramental way of thinking; Tillich calls it a new (believing) realism and/or theonomy. Here, we term it the rationality of grace, that is, a rationality based on relationality instead of domination. This overcomes dichotomies through a comprehensive and reconciliatory way of knowing, thinking, and communicating. In summary, the article aims to demonstrate the development of this theme in Paul Tillich’s thought and discuss it in light of the challenges posed by the contemporary paradigm and the contributions that theology and religious studies can offer to the general epistemology of humanity and the ecosystem.