ABSTRACT Introduction: Burnout results from chronic exposure to work-related stress and it is characterized by a reduction in professional efficacy, feelings of lack of energy/exhaustion, and negativity related to work activities. It has a higher incidence in professions with significant interpersonal contact and among caregivers, making doctors a vulnerable population. The Maslach Burnout Inventory questionnaire is considered the gold standard for measuring this disease. In 2014, quinquennial prevention was described, aiming to prevent harm to patients through strategies that reduce Burnout in doctors. Clinical Case: The case describes a 29-year-old woman, a physician in her final year of Residency in General and Family Medicine, who sought an urgent consultation due to feelings of physical and mental exhaustion, hopelessness, irritability, initial and middle insomnia, for the last three months, and hyperphagia, two months ago. She has requested a sick leave from work because “I can't stand working anymore. I need to sleep for a week”. She identified excessive workload at the Clinic, stemming from the demands of her medical residency, as the main cause. She feels unsupported by her colleagues and Training Supervisor and feels pressured to manage the medical agenda without adequate preparation. She reports occasional errors in prescriptions, leading her to feel the need to repeatedly review records and decisions she has made. She denies any appointment with her designated Work physician ever since she started her internship. Upon physical examination, she appeared slaughtered, with a depressed mood, tearful, restless, and with fleeting eye contact. Applying the Maslach Burnout Inventory: Section A- 34 points- high level; Section B- 28 points- high level; Section C- 25 points- high level. A work leave from work was issued, laboratory studies were requested, and fluoxetine 20 mg and trazodone 50 mg were initiated, along with psychotherapy. So far, the patient has been re-evaluated in three consultations, with organic causes ruled out, and in the last re-evaluation, her scores were: Section A- 20 points- moderate level; Section B- 5 points- low level; Section C- 39 points- moderate level. She reports a decrease in medical errors. She maintained the prescribed medication and psychotherapy. She declined to join a Balint group. A new re-evaluation was scheduled in six months. Discussion/Conclusion: This is a case of a General and Family Medicine Resident Physician, diagnosed with Burnout, who has managed to substantially improve her quality of life and job satisfaction, as well as her personal life, following the implementation of both pharmacological and non-pharmacological measures, along with workplace adjustments and the setting of boundaries. She has successfully reduced her perception of making medical errors, thereby improving the quality of healthcare provided to the patients. The long journey of recovery from Burnout makes the monitoring of this illness imperative not only by the patients Family Doctor and Psychologist, but also by the Occupational physician, targeting the improvement of the quality of life of the healthcare professionals in their occupational activity. This clinical case’s purpose is to address and raise awareness among professionals to the prevention of Burnout, particularly in Residents, promoting quinquennial prevention. It is important to note that only professionals who are fulfilled in their biopsychosocial sphere can provide quality care and significantly reduce medical errors.
RESUMO Introdução: O Burnout resulta da exposição crónica ao stress laboral e caracteriza-se por redução da eficácia a nível profissional, sentimentos de falta de energia/exaustão e negatividade relacionados com a atividade laboral. Tem maior incidência em profissões de elevado contacto com pessoas e em prestadores de cuidados, tornando os médicos uma população vulnerável. O questionário Maslach Burnout Inventory é considerado gold standard para a medição desta patologia. Em 2014 foi descrita a prevenção quinquenária, que pretende evitar o dano para o paciente, atuando no médico através de estratégias que visem a diminuição do Burnout. Caso Clínico: Descreve-se uma mulher de 29 anos, médica, no último ano da especialização em Medicina Geral e Familiar, que recorreu a consulta aberta por sensação de exaustão física e mental, sentimentos de desesperança, irritabilidade, insónia inicial e intermédia, com três meses de evolução e hiperfagia há dois meses. Solicitou certificado de incapacidade temporária para o trabalho, porque “já não aguento mais trabalhar. Preciso de dormir uma semana”. Aponta como principal etiologia o trabalho excessivo no Centro de Saúde, decorrente da exigência do internato médico. Sente-se pouco apoiada pelos colegas de equipa e orientador de formação e considera-se pressionada a gerir a agenda médica sem ter preparação para tal. Relata erros pontuais na prescrição médica, pelo que sente necessidade de rever várias vezes os registos efetuados e as atitudes tomadas. Nega ter sido convocada para qualquer consulta de Medicina do Trabalho desde que ingressou na especialidade. Ao exame objetivo, apresentava-se cabisbaixa, com humor deprimido, chorosa, inquieta e com contacto ocular fugaz. Aplicando o questionário atrás mencionado: Secção A - 34 pontos - nível elevado; Secção B - 28 pontos - nível elevado; Secção C - 25 pontos - nível elevado. Foi emitido o certificado de incapacidade temporária para o trabalho, solicitado estudo analítico e iniciada fluoxetina 20mg e trazodona 50mg, bem como psicoterapia. Até à data, a doente foi reavaliada em três consultas, foi excluída patologia orgânica e na última reavaliação apresentava os seguintes valores: Secção A- 20 pontos- nível moderado; Secção B- 5 pontos- nível baixo; Secção C- 39 pontos- nível moderado. Refere diminuição dos erros médicos. Manteve a medicação instituída, bem como a psicoterapia. Recusou o grupo Balint. Foi programada nova reavaliação em seis meses. Discussão/Conclusão: Trata-se de uma doente, Médica Interna em Medicina Geral e Familiar com o diagnóstico de Burnout, que conseguiu melhorar substancialmente a sua qualidade de vida e satisfação no trabalho e vida pessoal, após a implementação de medidas farmacológicas e não farmacológicas e também após alterações a nível laboral e imposição de limites. Conseguiu diminuir a perceção de erro médico, melhorando assim os cuidados de saúde prestados aos utentes. O longo percurso de recuperação desta doença torna fulcral o acompanhamento destes utentes pela equipa de Medicina do Trabalho, e não só pelo Médico de Família e Psicólogo, visando melhorar a qualidade de vida e saúde dos profissionais no âmbito da sua atividade laboral. Com este caso clínico pretende-se abordar e sensibilizar os profissionais para a prevenção do Burnout, em particular nos médicos internos, fomentando a prevenção quinquenária. De ressalvar que apenas profissionais realizados na sua esfera biopsicossocial conseguem proporcionar cuidados de qualidade e reduzir de forma importante o erro médico.