This article originated from a presentation I gave at the III International Colloquium Exodus and GEDLit at the State University of Campinas (UNICAMP). In it, I present an analysis of Slam das Minas Coimbra, founded in 2020. It is the first slam in the Portuguese context to specifically address issues of gender, race, and sexuality, with a focus on the experience of migration in post-colonial Portuguese society. As I progress, I provide a contextualization of the territory in which the collective emerges, highlighting various social contrasts, including the rhetoric of modernity/coloniality anchored in social practices, annually repeated and ritualized, known as “praxes” (or trotes). Subsequently, I delve into how Slam das Minas Coimbra probes colonial wounds, enabling a critical look at the creation of the Community of Portuguese Language Countries. I consider this organization as an instrument of the ideal of “lusophony,” reviving neo-colonial roots. Finally, drawing inspiration from Gayatri Spivak and her approach to using imaginative language to unmask cultural nationalism, I analyze how the “untitled” poem by GRETA, an independent immigrant Brazilian artist, deconstructs colonial fiction, grounded in the poetry of Camões. This approach represents an anticamonian trend envisioned by the artist. I emphasize the instrumentalization of slam poetry to transgress the norm (cultured and European) of Portuguese from Portugal, providing space for the plurilingualism of Portuguese speakers in post-colonial Portuguese society.
Este artigo originou-se de uma apresentação que realizei no III Colóquio Internacional Exodus e GEDLit, na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Nele, apresento uma leitura do Slam das Minas Coimbra, fundado em 2020. Trata-se do primeiro Poetry Slam no contexto português a abordar especificamente as questões de género, raça e sexualidade, com ênfase na experiência da migração na sociedade pós-colonial portuguesa. À medida que avanço, realizo uma contextualização do território no qual o coletivo surge, evidenciando diversos contrastes sociais, incluindo as retóricas da modernidade/colonialidade ancoradas às práticas sociais, anualmente repetidas e ritualizadas, conhecidas como “praxes” (ou trotes). Posteriormente, abordo como o Slam das Minas Coimbra tateia feridas coloniais, possibilitando um olhar crítico sobre a criação da “Comunidade de Países de Língua Portuguesa”. Considero este organismo como um instrumento do ideal da “lusofonia”, que reaviva raízes neocoloniais. Por fim, partindo da inspiração de Gayatri Spivak, e da sua abordagem de utilizar a linguagem imaginativa para desmascarar o nacionalismo cultural, analiso como o poema “sem título” dA GRETA, artista independente imigrante brasileira, desconstrói a ficção colonial, alicerçada na poesia de Camões. Essa abordagem representa uma vertente anticamoniana imaginada pela artista. Destaco a instrumentalização da poesia slam para a transgressão da norma (culta e europeia) do português de Portugal, proporcionando espaço para a plurilinguística dos falantes de português na sociedade portuguesa pós-colonial.