ABSTRACT With François Hartog and Bernard Guenée as starting points, we question the opinion, crystallized by many historians and literary critics, that Fernão Lopes, chief chronicler of the Portuguese regal court in the first half of the 15th century, chose to prioritize written sources to the detriment of oral sources, for considering them superior when it comes to the writing of history. Then, we show, through appreciation of the historiographical production of Gomes Eanes de Zurara, Lopes’ successor, how medieval chroniclers that historicized a chronological period close to the one in which they lived in made use of enunciation marks linked to direct autopsy (“I saw it”) and indirect autopsy (“I heard from who saw it”) as ways of demonstrating authority, supporting their writing and persuading the audience about the truthfulness of what is being narrated. Concurrently, we discuss how the witness - “declared memory”, according to Paul Ricoeur’s concept, or “bearer of memory”, in the words of François Hartog -, has their account evaluated, credited and authenticated by the chronicler, with he being, at times, a direct witness of what he writes. points opinion critics Lopes th century history Then show Zurara successor I it” authority narrated Concurrently declared memory, memory , memory” Ricoeurs Ricoeur s concept bearer evaluated times writes
RESUMO Partindo de François Hartog e Bernard Guenée, questionamos a opinião, cristalizada por vários historiadores e críticos literários, de que Fernão Lopes, cronista-mor da corte régia portuguesa na primeira metade do século XV, escolheu dar primazia às fontes escritas em detrimento das orais por considerá-las superiores no que diz respeito à escrita da história. A seguir, evidenciamos, através da apreciação da produção historiográfica de Gomes Eanes de Zurara, sucessor de Lopes, como os cronistas medievais que historiaram um período cronológico próximo àquele em que viveram faziam uso de marcas de enunciação ligadas à autópsia direta (“eu vi”) e indireta (“eu ouvi de quem viu”) como meios de demonstrar autoridade, respaldar a sua escrita e persuadir o público sobre a verdade das coisas narradas. Concomitantemente, discutimos como a testemunha - “memória declarada”, segundo a concepção de Paul Ricoeur, ou “portadora de memória”, nas palavras de François Hartog -, tem o seu relato avaliado, acreditado e autenticado pelo cronista, ele próprio, por vezes, testemunha direta do que escreve. Guenée opinião literários Lopes cronistamor cronista mor XV considerálas considerá las história seguir evidenciamos Zurara eu vi vi” viu viu” autoridade narradas Concomitantemente memória declarada, declarada , declarada” Ricoeur portadora memória, memória” avaliado próprio vezes escreve