Resumo Introdução: O fígado gordo associado a disfunção metabólica (FGADM) é uma causa crescente de doença hepática crónica. Em 2020, o score Fibroscan-AST (FAST) foi validado internacionalmente como uma nova ferramenta capaz de identificar pacientes com esteatohepatite que beneficiam de terapêuticas adicionais, baseado nos achados da elastografia hepática transitória (EHT) e níveis séricos de aspartato aminotransferase (AST). Os autores procuraram identificar, em pacientes com FGADM, que fatores metabólicos predizem um score-FAST maior. Métodos: Estudo retrospetivo de pacientes com FGADM submetidos a EHT durante 2 anos consecutivos. Pacientes sem uma amostra de AST colhida nos 6 meses prévios à EHT foram excluídos. O score-FAST foi calculado, estratificando o risco do paciente como baixo (<0,35), moderado (0,35-0,67) ou alto (>0,67). Resultados: A amostra incluiu 117 pacientes, 53% do sexo feminino, com uma idade média de 53 anos. Em análise multivariada, pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2 (DMT2) (p < 0,001), dislipidemia (p = 0,046) e hábitos tabágicos (p = 0,037) apresentaram valores de score-FAST significativamente maiores. Além disso, os pacientes diabéticos apresentaram não só valores de score-FAST significativamente maiores, como também foram mais frequente classificados como pertencendo ao grupo de alto risco, de acordo com os critérios deste score (OR = 9,2; 95%IC = 1,8-45,5; p = 0,007). Conclusões: Calculando o score-FAST, pacientes com FGADM e DMT2 apresentaram um risco significativamente maior. Esta ferramenta validada poderá ser utilizada para selecionar os pacientes com DMT2 e FGADM que poderão beneficiar de seguimento especializado.
Abstract Background: Metabolic-associated fatty liver disease (MAFLD) is an increasingly prevalent cause of chronic liver disease. In 2020, the FibroScan-AST (FAST) score was internationally validated as a new tool able to identify patients with steatohepatitis who benefit the most from further therapies, based on liver transient elastography (LTE) findings and serum levels of aspartate aminotransferase (AST). We aimed to identify, in MAFLD patients, which metabolic features may predict a higher FAST score. Methods: Retrospective study of consecutive patients with MAFLD submitted to LTE for two consecutive years. Patients without an AST sample collected within 6 months of the LTE were excluded. FAST score was calculated, stratifying the patient’s risk as low (<0.35), medium (0.35-0.67), or high (>0.67). Results: The sample included 117 patients, 53.0% of the female gender, with a mean age of 53 years. On multivariate analysis, patients with type 2 diabetes (T2DM) (p < 0.001), dyslipidemia (p = 0.046), and smoking habits (p = 0.037) presented with significantly higher FAST score values. Furthermore, diabetic patients did not only present significantly higher FAST scores but were also more frequently assigned to the high-risk group according to FAST score criteria (OR = 9.2; 95% CI = 1.8-45.5; p = 0.007). Conclusions: Calculating the FAST score, patients with T2DM presented a significantly higher risk of having significant fibrosis and steatohepatitis. Physicians may rely on this validated instrument to more easily identify which patients with T2DM and MAFLD benefit the most from a specialized follow-up.