ABSTRACT Introduction: Bronchial asthma is a chronic inflammatory disease of the airways with a prevalence of approximately 7% in the Portuguese population, affecting individuals of all ages. Occupational asthma accounts for 5% to 20% of late-onset asthma cases and is often associated with exposure to chemical irritants or other agents in the workplace. Early diagnosis and intervention, including the removal of the causal agent, are essential for improving prognosis. This case report describes the development of occupational asthma in a woman with prolonged exposure to irritant products in her work as a domestic worker. This case report aims to highlight the importance of early diagnosis and the use of personal protective equipment in the prevention of occupational asthma and its’ biopsychosocial implications. Clinical Case: A 62-year-old woman, a domestic worker since the age of 13, with a medical history of allergic rhinitis, depressive disorder, osteoporosis, and prior surgery for an epigastric hernia, presented for consultation. Pulmonary nodules were identified in the right lung during a computed tomography (CT) scan. The patient denied the presence of respiratory symptoms. However, during the pneumology consultation, she described chest tightness upon exertion and in environments with strong smells over the past six years, symptoms that she didn't appreciate before. Respiratory function tests revealed mild bronchial hyperreactivity, confirmed through a methacholine challenge test. Based on these findings and the patient’s occupational history, a diagnosis of non-IgE-mediated asthma was established. The patient began treatment with inhaled fluticasone/vilanterol. Due to her profession, which involved daily exposure to irritant products, a suspicion of occupational disease was reported. In the following years, the patient experienced worsening respiratory and depressive symptoms, leading to her resignation and an unsuccessful attempt at early retirement. She was referred for social support due to financial difficulties resulting from her inability to return to work. Discussion/Conclusion: This case describes a case of non-IgE-mediated asthma in a domestic worker and highlights the importance of personal protective equipment (PPE) in workplaces with exposure to respiratory irritants. The use of PPE could have prevented the development of occupational asthma by mitigating the harmful effects of prolonged exposure to cleaning products. The prognosis for occupational asthma is generally poor, with avoidance of exposure being the primary method of control, as pharmacological treatments have limited impact when exposure persists. This case also illustrates the biopsychosocial consequences of occupational disease, with negative effects on the patient’s quality of life and financial independence, underscoring the importance of a multidisciplinary approach to managing such cases.
RESUMO Introdução: A asma brônquica é uma doença inflamatória crónica das vias aéreas com prevalência de cerca de 7% na população portuguesa, afetando indivíduos de todas as idades. A asma ocupacional representa entre 5% e 20% dos casos de asma de início tardio e está frequentemente associada à exposição a irritantes químicos ou outros agentes no local de trabalho. O diagnóstico precoce e a intervenção, incluindo a remoção do agente causal, são fundamentais para melhorar o prognóstico. Este caso clínico descreve o desenvolvimento de asma ocupacional numa mulher com longa exposição a produtos irritantes no exercício da sua profissão como trabalhadora do serviço doméstico. Com o presente relato de caso pretende-se destacar a importância do diagnóstico precoce e da utilização de equipamentos de proteção individual na prevenção da asma ocupacional, bem como as consequentes implicações biopsicossociais. Caso Clínico: Apresenta-se o caso de uma mulher de 62 anos, trabalhadora do serviço doméstico desde os treze anos, com antecedentes de rinite alérgica, perturbação depressiva, osteoporose e cirurgia a uma hérnia epigástrica. Após a realização de uma tomografia computorizada pulmonar, foram identificados nódulos no pulmão direito. A paciente não referiu sintomatologia respiratória relevante. No entanto, durante a consulta de pneumologia, referiu sensação de opressão torácica com o esforço e em ambientes com cheiros intensos nos últimos seis anos, sintomas que desvalorizava até então. As provas de função respiratória revelaram hiperreatividade brônquica ligeira, confirmada através de uma prova de broncoconstrição com metacolina. Com base nesses achados e na história ocupacional, foi assumido o diagnóstico de asma não IgE mediada. A paciente iniciou tratamento com terapêutica inalatória com fluticasona/vilanterol. Devido à sua profissão, que envolvia exposição diária a produtos irritantes, foi notificada a suspeita de doença profissional. Nos anos seguintes, a paciente apresentou agravamento da sintomatologia respiratória e, consequentemente, depressiva, o que conduziu ao seu despedimento e tentativa de reforma antecipada, que foi indeferida. A paciente foi referenciada para apoio social devido às dificuldades económicas resultantes da incapacidade para retomar a atividade laboral. Discussão/Conclusão: Este caso clínico descreve um quadro de asma não IgE mediada numa trabalhadora do serviço doméstico e evidencia a importância da proteção individual em ambientes de trabalho com exposição a agentes irritantes respiratórios. A utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) poderia ter prevenido o desenvolvimento da asma ocupacional, mitigando os efeitos nocivos da exposição prolongada a produtos de limpeza. O prognóstico da asma ocupacional é geralmente mau, sendo a evicção da exposição o principal método de controlo, uma vez que os tratamentos farmacológicos têm impacto limitado quando a exposição persiste. Este caso ilustra também as consequências biopsicossociais da doença ocupacional, com efeitos negativos sobre a qualidade de vida e independência financeira da utente, sublinhando a importância da abordagem multidisciplinar para a sua gestão.