Abstract: In 1939, Marília, a thirty-year-old Brazilian housewife, residing in São Paulo, killed her lover, Armando, with an axe and gunshots. She turned herself in to the police and was admitted by her brother-in-law to the Pinel Sanatorium, a psychiatric institution catering to the city's more affluent social groups. The sources for this research include clinical documents-such as a medical report, lab tests, prescriptions, and a letter written by Marília-as well as newspaper articles from São Paulo that reported on the crime. Drawing on theoretical and methodological frameworks from the socio-cultural history of emotions, the history of women and gender, and the history of madness and psychiatry, this article identifies the emotions that surface in the different documents recounting Marília's story. Our primary objective is to analyze these emotions, not to explore their specific meanings, but to understand what they produce. I aim to comprehend how the collection of these emotions, as articulated across the various narratives I examine, operates through shared meanings to construct both an event and a subject: Marília. The different narratives about her life, including her own, and the crime she committed, highlight two central emotions: sadness and anger. This analysis demonstrates that these emotions operate within an emotional framework that defines places, possibilities, and limitations for women, grounded in the perception of their interconnected bodies and minds, social markers of difference, and expert discourses. It also reveals that emotional resistances are persistent.
Resumen: En 1939, Marília, una brasileña de treinta años, casada, ama de casa y residente en São Paulo, mató a su amante, Armando, a hachazos y disparos. Se presentó a la policía y fue ingresada por su cuñado en el Sanatório Pinel, una institución psiquiátrica para los grupos sociales más pudientes de la ciudad. Las fuentes de la investigación fueron documentos clínicos -incluidos un informe médico, pruebas de laboratorio, recetas y una carta escrita por ella- y noticias de los periódicos de São Paulo que informaron sobre el crimen. Utilizando marcos teóricos y metodológicos de la historia sociocultural de las emociones, de la historia de las mujeres y del género, y de la historia de la locura y de la psiquiatría, me propongo en este artículo reconocer qué emociones emergen en los diferentes documentos que nos presentan la historia de Marília. El objetivo principal es problematizarlas, no para discutir sus significados específicos, sino para comprender lo que producen. Busco entender cómo el conjunto de tales emociones, enunciadas en los diferentes relatos que contrasto, actúan a través de significados compartidos, en el sentido de construir un acontecimiento y un sujeto, Marília. Las diferentes narrativas sobre la vida, incluida la suya propia, y el crimen cometido por ella destacan dos emociones como centrales: la tristeza y la ira. Esto demostró que estas operan dentro de un dispositivo emocional que establece lugares, posibilidades y límites para las mujeres a partir de la percepción de sus cuerpos y mentes interconectados, los marcadores sociales de la diferencia y los discursos de los saberes expertos, y que las resistencias emocionales son constantes.
Resumo: Em 1939, Marília, uma mulher de 30 anos, brasileira, casada, dona de casa, residente em São Paulo, matou seu amante, Armando, com machadadas e tiros. Apresentou-se à polícia e foi internada por seu cunhado no Sanatório Pinel, instituição psiquiátrica voltada aos grupos sociais mais abastados da cidade. As fontes de pesquisa foram o documento clínico - que inclui relatório médico, exames laboratoriais, receituário, uma carta escrita por ela - e notícias de jornais paulistas que repercutiram o crime. Com referenciais teórico-metodológicos da história sociocultural das emoções, da história das mulheres e dos gêneros, e da história da loucura e da psiquiatria, proponho, neste artigo, reconhecer que emoções emergiram nos diferentes documentos que nos apresentam a história de Marília. O objetivo principal foi problematizá-las, não no sentido de discutir seus significados específicos, mas sim de entender o que elas produziram. Busquei compreender como o rol delas, enunciado nas diferentes narrativas que contraponho, atuaram por meio de significados compartilhados, no sentido de construir um acontecimento e um sujeito, Marília. As diferentes narrativas sobre a vida e o crime de Marília, inclusive a dela mesma, destacaram como centrais duas emoções: a tristeza e a ira. Isso mostrou que estas operam no interior de um dispositivo emocional que estabelece lugares, possibilidades e limites para as mulheres a partir da percepção de seus corpos e mentes interconectados, dos marcadores sociais da diferença e dos discursos dos saberes expertos, além disso, que as resistências emocionais são constantes.