Resumo Objetivo/Contexto: Neste artigo, são estudadas as formas como o Estado uruguaio conceitualizou a ideia de “necessidade” quanto ao projeto de bem-estar ao longo do século 20. Durante a primeira metade do século, o Estado uruguaio desenvolveu uma política sustentável de controle de preços baseada no conceito de “artigos de primeira necessidade”. Na segunda metade, o sistema começou a se desmanchar sob a crescente influência das abordagens econômicas liberais e dos processos autoritários. Nos anos 1980, no contexto do renascer democrático, essas ideias começaram a ser substituídas pelo conceito de “necessidades básicas insatisfeitas”, baseado na influência de organizações internacionais. Metodologia: A partir de uma abordagem metodológica que se foca nos debates no Parlamento e na esfera pública, neste texto, são estudados os diferentes significados associados à ideia de necessidade no que se refere ao bem-estar. Originalidade: Esta revisão documental oferece um percorrido inédito pelas transformações da noção de necessidade, com as quais é mostrada que, enquanto os produtos se relacionavam com a alimentação na década de 1920, nos anos 1940, a cesta básica foi ampliada até incluir múltiplos bens associados com o nível de vida da classe média. Paralelamente, o Estado desenvolveu atividades de intermediação comercial e promoveu mecanismos regulamentares que buscaram controlar os preços e garantir o abastecimento desses bens. A partir dos anos 1970, o conceito de “necessidades básicas insatisfeitas” contribuiu para restringir o papel social do Estado, ao transformar a ideia de bem-estar vinculada a políticas universalistas para os setores populares para o desenvolvimento de políticas focadas, direcionadas a setores que estão abaixo da linha da pobreza. Conclusões: Os debates dessas políticas transcenderam as alienações político-ideológicas e se apoiaram em princípios de economia moral relativamente compartilhados que foram variando entre a primeira e a segunda metade do século 20.
Resumen Objetivo/Contexto: Este artículo estudia las maneras como el Estado uruguayo conceptualizó la idea de “necesidad” en relación con el proyecto de bienestar a lo largo del siglo xx. Durante la primera mitad de la centuria, el Estado uruguayo desarrolló una política sostenida de control de precios basada en el concepto de artículos de primera necesidad. Durante la segunda mitad, el sistema comenzó a desmoronarse bajo la creciente influencia de los enfoques económicos liberales y los procesos autoritarios. En los años ochenta, en el contexto del renacer democrático, estas ideas comenzaron a ser sustituidas por el concepto de necesidades básicas insatisfechas, basado en la influencia de organizaciones internacionales. Metodología: A través de un enfoque metodológico que se concentra en los debates en el Parlamento y en la esfera pública, el texto estudia los diferentes significados asociados a la idea de necesidad en relación con el bienestar. Originalidad: La revisión documental ofrece un recorrido inédito por las transformaciones de la noción de necesidad, con las que se muestra que, mientras en la década de los años veinte los productos se relacionaban con la alimentación, en los cuarenta la canasta se amplió hasta incluir múltiples bienes asociados con el nivel de vida de la clase media. Simultáneamente, el Estado desarrolló actividades de intermediación comercial y promovió mecanismos regulatorios que buscaron controlar los precios y asegurar el abastecimiento de estos bienes. A partir de los setenta, el concepto de necesidades básicas insatisfechas contribuyó a restringir el papel social del Estado, al transformar la idea de bienestar vinculada a políticas universalistas para los sectores populares al desarrollo de políticas focalizadas dirigidas a sectores bajo la línea de pobreza. Conclusiones: Los debates de estas políticas trascendieron las alineaciones político-ideológicas y se sostuvieron en principios de economía moral relativamente compartidos que fueron variando entre la primera y la segunda mitad del siglo xx.
Abstract Objective/Context: This article studies how the Uruguayan State conceptualized the idea of “necessity” in relation to the welfare project throughout the twentieth century. Throughout the first half of the century, the Uruguayan State developed a sustained policy of price control based on the concept of basic necessities. During the second half, the system began to crumble under the growing influence of liberal economic approaches and authoritarian processes. In the democratic revival context of the 1980s, these ideas began to be replaced by the concept of unsatisfied basic needs based on the influence of international organizations. Methodology: Through a methodological approach that focuses on the debates in Parliament and the public sphere, the text studies different meanings associated with the idea of necessity in relation to welfare. Originality: The documentary review offers an unprecedented journey through the transformations of the notion of necessity, showing that, while in the 1920s, the products were related to food, in the 1940s, they expanded to include multiple goods associated with the standard of living of the middle class. Simultaneously, the State developed commercial intermediation activities and promoted regulatory mechanisms that sought to control prices and ensure the supply of these goods. From the 1970s onwards, the concept of unsatisfied basic needs contributed to restricting the social role of the State by transforming the idea of welfare linked to universalist policies for the popular sectors to the development of targeted policies aimed at sectors below the poverty line. Conclusions: These policy debates transcended political-ideological alignments and were sustained by relatively shared principles of moral economy that varied between the first and second half of the 20th century.