Resumo O estudo teve por objetivo verificar empiricamente a existência ou não de distorção da comparabilidade da informação, quando omitidos os efeitos inflacionários nas demonstrações contábeis. Apesar de o Brasil vivenciar, desde o Plano Real, um cenário de inflação sob controle, com índices bem aquém dos registrados nas décadas de 1980 e 1990, discutir sobre a necessidade do reconhecimento contábil dos efeitos da inflação permanece como uma questão extremamente relevante e pertinente, em face da proposta da contabilidade de produzir informações fidedignas que reflitam o mais próximo à realidade econômica na qual operam as organizações. Os resultados da pesquisa evidenciam que a contabilidade financeira tem sido diretamente afetada pela omissão dos efeitos inflacionários nas demonstrações contábeis, chamando a atenção para os efeitos negativos causados à qualidade das informações por ela produzidas. Para operacionalização da pesquisa, aplicou-se, aos balanços de empresas brasileiras do subsetor de siderurgia e metalurgia listadas na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo, no período de 1996 a 2016, a correção monetária de balanços (CMB). A partir das variáveis lucro líquido, retorno sobre o patrimônio líquido (return on equity - ROE) e retorno sobre ativos (return on assets - ROA) e de dois eixos conceituais de comparabilidade (entre empresas e entre períodos), foram desenvolvidos os parâmetros estatísticos e definidas as hipóteses, as quais foram testadas por meio do teste paramétrico t de Student. A pesquisa mostra o prejuízo causado ao processo de tomada de decisão dos usuários externos, a quem se destinam as demonstrações contábeis quando estas são preparadas, desprezando-se os efeitos da inflação. Tal prejuízo é verificável pelas análises dos resultados obtidos, dentre as quais a observação de relevantes distorções entre as médias dos indicadores corrigidos e as médias dos indicadores históricos, como o caso do lucro líquido em 2001, 2002, 2012, 2013, 2014 e 2016 (33,98, 91,92, -65,54, -30,01, -53,59 e 26,30% de variação, respectivamente), do ROE (-67,16, -61,43, -53,06, -63,46, -133,81 e 65% de variações em 2008, 2009, 2010, 2011, 2014 e 2015, respectivamente) e do ROA (-26,70, -41,14, -33,34, -43,49, 98,83 e -413,68% em 2005, 2009, 2010, 2011, 2012 e 2014, respectivamente).
Abstract The purpose of this study was to empirically verify the existence or not of a distortion in the comparability of information when inflationary effects are omitted from financial statements. Although inflation has been under control in Brazil since the Plano Real, with indices well below those recorded in the 1980s and 1990s, discussing the need for accounting recognition of the effects of inflation remains an extremely relevant and pertinent issue in light of the proposal of accounting to produce faithful information that closely reflects the economic reality in which organizations operate. The results of the research show that financial accounting has been directly affected by the omission of inflationary effects in financial statements, drawing attention to the negative effects this has caused on the quality of the information produced. In order to operationalize the research, the Balance Sheet Monetary Correction (BSMC) was applied to the balance sheets of Brazilian companies from the siderurgical and metallurgical sector listed on the BM&FBOVESPA in the period from 1996 to 2016. Based on the variables net income, return on equity (ROE), and return on assets (ROA), and two conceptual axes of comparability (between entities and between periods), the statistical parameters were developed and the hypotheses were defined, which were tested using the Student t parametric test. This article shows the damage caused to the decision-making process of the external users for whom financial statements are intended when these are prepared neglecting the effects of inflation. This is verifiable through the analyses of the results obtained, including the observation of significant distortions between the means of the corrected indicators and the means of the historical indicators, such as in the case of net income in 2001, 2002, 2012, 2013, 2014, and 2016 (33.98%, 91.92%, -65.54%, -30.01%, -53.59%, and 26.30% variation, respectively), of ROE (-67.16%, -61.43%, -53.06%, -63.46%, -133.81%, and 65.00% variations in 2008, 2009, 2010, 2011, 2014, and 2015, respectively), and of ROA (-26,70%, -41.14%, -33,34%, -43,49%, 98,83%, and -413,68% in 2005, 2009, 2010, 2011, 2012, and 2014, respectively).