RESUMO Entre 1983 e 1991, o Partido Justicialista de Santa Fé (PJSF) foi formado por uma multiplicidade de “líderes setoriais”, incapazes de se impor uns aos outros, enquanto, ao mesmo tempo, governavam a província. A organização carecia, nos termos da narrativa peronista, de um “líder político” local. A partir da análise de entrevistas próprias e de terceiros, da análise de conteúdo da imprensa local e do diálogo com a bibliografia secundária, o artigo investiga o modo como as lideranças do peronismo de Santa Fé processaram essa situação de equilíbrio de forças e o tipo de práticas que implantaram uma vez rompido esse equilíbrio. Assim, identifica-se um primeiro período (1983-1988) em que foram implantados três tipos de práticas: a realização regular de eleições internas diretas para definição de candidatos; a convocação de congressos partidários para resolver questões institucionais internas; e a distribuição de cargos no governo entre as diferentes facções do partido. Em um segundo período (1989-1991), observou-se a interrupção dessas práticas e a implementação de novas. Tratava-se da implementação da Lei das Lemas; a demissão do vice-governador da província promovida pelos próprios peronistas; e a intervenção e suspensão da vida interna da PJSF pelas autoridades justicialistas nacionais. Conclui-se que a variedade mutável de práticas observadas em ambos os momentos está associada a certas ideias que os líderes peronistas têm sobre política e como fazer política, em particular, sobre a noção de "liderança" e sobre o papel das estruturas partidárias em sua própria práxis política.
RESUMEN Una multiplicidad de “líderes de sector”, sin capacidad de imponerse uno sobre otros, configuró al Partido Justicialista de Santa Fe (PJSF) entre 1983 y 1991 mientras, al mismo tiempo, gobernaba la provincia. La organización careció, según los términos de la narrativa peronista, de un “conductor político” local. A partir del análisis de entrevistas propias y de terceros, del análisis de contenido de la prensa local y del diálogo con bibliografía secundaria, el artículo indaga en el modo en el que los líderes del peronismo santafesino tramitaron esa situación de equilibrio de fuerzas y en el tipo de prácticas que desplegaron una vez que dicho equilibrio se rompió. Se identifica, así, un primer periodo (1983-1988) en el que se desplegaron tres tipos de prácticas: la realización regular de elecciones internas directas para definir candidaturas; la convocatoria a congresos partidarios para dirimir asuntos institucionales internos; y la distribución de cargos de gobierno entre las distintas fracciones del partido. En un segundo momento (1989-1991), se observa la interrupción de dichas prácticas y la implementación de otras nuevas. Se trató de la implementación de la ley de Lemas; de la destitución del vicegobernador de la provincia promovida por parte de los propios peronistas; y de la intervención y suspensión de la vida interna del PJSF por parte de las autoridades nacionales del justicialismo. Se concluye que la cambiante paleta de prácticas observada en uno y otro momento está asociada a determinadas ideas que los dirigentes peronistas tienen sobre la política y sobre cómo hacer política, en particular, sobre la noción de la “conducción” y sobre el rol de las estructuras partidarias en su propia praxis política.
ABSTRACT Between 1983 and 1991, the Justicialist Party of Santa Fe (PJSF) was formed by a multiplicity of "sector leaders", unable to impose themselves on each other, while, at the same time, it ruled the province. The organization lacked, in the terms of the Peronist narrative, a local "political leader." Based on the analysis of our own interviews and interviews of others, the content analysis of the local press and the dialogue with secondary bibliography, the article investigates the way in which the leaders of Santa Fe Peronism processed this situation of balance of forces and the type of practices they deployed once this balance was broken. Thus, a first period (1983-1988) is identified in which three types of practices were deployed: the regular practice of direct internal elections to define candidates; the announcement of party congresses to settle internal institutional issues; and the distribution of government positions between the different factions of the party. In a second moment (1989-1991), the interruption of these practices and the implementation of new ones were observed. These included the implementation of Lemas Law; of the dismissal of the vice-governor of the province promoted by the Peronists themselves; and the intervention and suspension of the internal life of the PJSF by the national Justicialist authorities. It is concluded that the changing variety of practices observed at both times is associated with certain ideas that Peronist leaders have about politics and how to do politics, in particular, about the notion of “leadership” and on the role of party structures in their own political praxis.