Resumo Este artigo analisa os avanços e os desafios da atenção à saúde da população idosa, sobretudo daquela com doenças crônicas na atenção primária, tendo como cenário de estudo uma clínica da família na cidade do Rio de Janeiro. Os dados foram produzidos a partir da realização das técnicas de observação participante, grupo focal com equipe da ESF, entrevista com o gestor da clínica da família e entrevistas com idosos acompanhados ou não de familiares ou cuidadores. Destaca-se o deslocamento do modelo de atenção à saúde de caráter biomédico para o modelo biopsicossocial e suas implicações na atenção, prevenção e promoção da saúde do idoso. Apesar dos avanços observados na assistência, dificuldades, sobretudo em relação ao acesso da população ao serviço, foram observadas apontando para a perpetuação de iniquidades no cuidado à saúde. Quanto aos idosos com doenças crônicas, nota-se que a equipe de ESF lança mão de uma série de estratégias tanto individuais quanto coletivas, cujos efeitos foram identificados nas falas dos idosos, familiares e cuidadores, que qualificam de modo positivo a assistência recebida. Conclui-se que o processo de cuidado é influenciado por uma miríade de fatores e que se configuram como objetos de questionamento e intervenção no âmbito da atenção primária.
Abstract This paper analyzes the developments and challenges of healthcare for older adults, especially those with chronic diseases in primary care, in a study setting of a family clinic in the city of Rio de Janeiro. Data were produced through the development of techniques such as participant observation, a focal group with a Family Health Strategy (ESF) team, an interview with the family clinic manager, and interviews with seniors accompanied or not by relatives or caregivers. Worth highlighting is the shift of the biomedical healthcare model to the biopsychosocial model and its implications in elderly care, prevention and health promotion. Despite care advances, some difficulties were observed, especially regarding the access of the population to the service, pointing to the perpetuation of health care inequities. Concerning the elderly with chronic diseases, it is noted that the ESF team employs a set of both individual and group strategies, whose effects were identified in the statements of the older adults, family members and caregivers, who positively qualify the care received. We can conclude that the care process is influenced by a myriad of factors that appear as objects of questioning and intervention in primary care.