Resumo: O objetivo deste texto é problematizar o cuidado de pessoas com deficiência que experienciam a dependência complexa e defendê-lo como uma questão de justiça. Para tanto, estabelecemos um diálogo entre os estudos da deficiência e uma ética político-feminista do cuidado. Na primeira seção, apresentamos o cuidado a partir da perspectiva político-feminista. Em seguida, apontamos como o capacitismo e o familismo, em consonância com as políticas neoliberais, obstaculizam o acesso ao cuidado, algo acentuado em épocas de emergência no campo da saúde, como durante a pandemia de Covid-19. Por fim, com base no entendimento de que o cuidado público é uma questão de justiça para pessoas com deficiência, apresentamos alguns pressupostos ético-políticos que contribuem para qualificar o debate sobre o tema e fomentar a construção de políticas sociais emancipatórias.
Abstract: The purpose of this text is to problematize care for disabled people who experience complex dependence and to defend care as a matter of justice. To do so, we establish a dialogue between disability studies and a political-feminist ethics of care. In the first section we approach the theme of care from a political-feminist perspective. We then discuss how ableism and familism, in line with neoliberal policies, obstruct access to care, which is accentuated during health emergencies such as the Covid-19 pandemic. Finally, based on the understanding that care provided by the state is a matter of justice for people with disabilities, we present some ethical-political principles that help qualify the debate on this subject and foster the construction of emancipatory social policies.
Resumén: El propósito de este texto es problematizar el cuidado de las personas con discapacidad que experimentan la dependencia compleja y defender el cuidado como una cuestión de justicia. Para ello, establecimos un diálogo entre los estudios de la discapacidad y una ética político-feminista del cuidado. En la primera sección, presentamos el cuidado desde una perspectiva político-feminista. A continuación, señalamos cómo el capacitismo y el familismo, en línea con las políticas neoliberales, dificultan el acceso a los cuidados, algo acentuado en tiempos de emergencia en el ámbito de la salud, como durante la pandemia del Covid-19. Finalmente, a partir del entendimiento de que el cuidado público es un asunto de justicia para las personas con discapacidad, presentamos algunos supuestos ético-políticos que contribuyen a cualificar el debate sobre el tema y favorecen la construcción de políticas sociales emancipatorias.