Com o objetivo de investigar a origem da mutação <FONT FACE="Symbol">b</font>S na população da região norte do Brasil, foram analisados polimorfismos de DNA no complexo de genes <FONT FACE="Symbol">b</font> da hemoglobina em 30 pacientes com anemia falciforme na população de Belém, a capital do Estado do Pará. Sessenta e sete por cento dos cromossomos <FONT FACE="Symbol">b</font>S analisados apresentaram o haplótipo Bantu, 30% o haplótipo Benin e 3% o haplótipo Senegal. A origem da mutação<FONT FACE="Symbol"> b</font>S na população de Belém, estimada de acordo com a distribuição de haplótipos, não está de acordo com a esperada com base em dados históricos sobre o tráfico de escravos para a região norte, os quais indicam uma reduzida contribuição de escravos da região do Benin. Essas diferenças podem ser atribuídas ao tráfico interno de escravos, bem como ao posterior fluxo de populações imigrantes, particularmente de nordestinos. A distribuição de haplótipos em Belém não difere significativamente da observada em outras regiões brasileiras, muito embora os dados históricos sugiram que a maioria dos escravos procedentes da região do Atlântico-Oeste africano, onde predomina o haplótipo Senegal, foi trazida para o norte do Brasil, enquanto que o nordeste (Bahia, Pernambuco e Maranhão) recebeu o maior contingente de escravos oriundos da região centro-oeste africana, onde o haplótipo Benin é o mais comum. Nós sugerimos que as diferenças regionais quanto à procedência dos escravos africanos também foram modificadas pelo tráfico de escravos estabelecido entre as diferentes regiões brasileiras e posteriormente pelos movimentos migratórios.
We analyzed DNA polymorphisms in the <FONT FACE="Symbol">b</font>-globin gene cluster of 30 sickle cell anemia patients from Belém, the capital city of the State of Pará, in order to investigate the origin of the <FONT FACE="Symbol">b</font>S mutation. Sixty-seven percent of the <FONT FACE="Symbol">b</font>S chromosomes were Bantu type, 30% were Benin type, and 3% were Senegal type. The origin of the <FONT FACE="Symbol">b</font>S mutation in this population, estimated on the basis of <FONT FACE="Symbol">b</font>S-linked haplotypes, contradicts the historical records of direct slave trade from Africa to the northern region of Brazil. Historical records indicate a lower percentage of people from Benin. These discrepancies are probably due to domestic slave trade and later internal migrations, mainly from northeastern to northern regions. Haplotype distribution in Belém did not differ significantly from that observed in other Brazilian regions, although historical records indicate that most slaves from Atlantic West Africa, where the Senegal haplotype is prevalent, were destined for the northern region, whereas the northeast (Bahia, Pernambuco and Maranhão) was heavily supplied with slaves from Central West Africa, where the Benin haplotype predominates.