A traqueostomia apresenta uma série de vantagens em relação à entubação endotraqueal prolongada: conforto e maior possibilidade de comunicação para o paciente, diminuição da resistência respiratória, melhor controle de via aérea e facilidade de aspiração. No período de setembro de 1996 a dezembro de 1997 foram realizadas setenta traqueostomias à beira de leito na UTI, sob anestesia local, com tempo operatório médio de 30,5 minutos. A principal indicação foi ventilação mecânica prolongada, com uma média de 6,5 dias. Os pacientes foram acompanhados durante a internação por 1.494 dias. No terceiro dia de pós-operatório foi colhida cultura de secreção traqueal em 49 pacientes, predominando Pseudomonas aeruginosa em 40,8% dos casos. Houve 11 casos (15,7%) de complicações maiores: uma fístula traqueoesofágica, uma fasciíte necrotizante, uma úlcera traqueal, duas infecções e seis sangramentos, que necessitaram reintervenção. Um óbito foi relacionado ao procedimento, devido à fasciíte necrotizante cervical. Tendo em vista a gravidade dos pacientes, a traqueostomia à beira de leito demonstrou ser um procedimento seguro e com baixo índice de complicações maiores. Além disso, evita o transporte de doente crítico dentro do hospital, e os custos são menores do que a traqueostomia no centro cirúrgico.
Tracheostomy has several advantages in comparison with prolonged intubation: patients's confort, best possibility of comunication, less respiratory resistance, better airway control and facility of aspiration. During September 1996 and December 1997, 70 bedside tracheostomy were performed on intensive care unit patients, under local anaesthesia, with a mean operatory time of 30.5 minutes. The main indication was prolonged mechanical intubation, with a mean of 6.5 days of orotracheal intubation. Patients were followed during the hospitalization for a total 1.494 days. In the 30 post operative day, samples for culture were collected from 49 patients. Pseudomonas aeruginosa grew in 40.8% of the cultures. There were 11 (15.7%) patients with major complications: one tracheoesophageal fistula, one necrotizing fasciitis, one tracheal ulcer two infection and six bleedings from other interventions. There was one death related to the procedure, due to a necrotizing fasciitis. The bedside tracheostomy showed itself to be a secure procedure with a low index of major complications, avoiding the patients transportation with in the hospital and with low costs in comparison with a surgical roam tracheostomy.