RESUMO Embora a Língua Brasileira de Sinais - Libras - tenha sido legalmente reconhecida em 2002, o acesso dos surdos à informação interpretada, especialmente nos meios de comunicação, é ainda muito precário. No contexto da pandemia, o acesso à informação e orientação na primeira língua pode ser decisivo para cuidar e manter a vida. Com isto em mente, este artigo aponta as barreiras experimentadas pelos Surdos no Brasil, considerando a ausência de tradutores e intérpretes de Língua de Sinais na grande mídia, bem como nos canais de entidades responsáveis por explicações e orientações sobre cuidados e prevenção, como se viu no caso do contágio e divulgação do novo Coronavírus. Procuramos também refletir sobre os efeitos sócio-emocionais causados pela falta de informações claras, e seus riscos que resultam em preocupação e pânico. Para isso, assumimos uma perspectiva qualitativa de investigação partindo da coleta de depoimentos que nos permitiram evidenciar a urgência de maior acessibilidade no contexto dos meios de comunicação, e os riscos resultantes da ausência de informações precisas para Surdos.
ABSTRACT Although Brazilian Sign Language - Libras - was legally recognized in 2002 as the national language for deaf people, their access to interpreted information (i.e., information in their own language), especially in the media, is still very precarious. In the context of the pandemic, having access to information and guidance in one’s first language can be decisive in caring for and maintaining life. With this in mind, this paper aims at pointing out the barriers experienced by deaf people in Brazil, considering the absence of Brazilian Sign Language translators and interpreters in mainstream journalism and in channels of organizations that are responsible for explanations and guidelines regarding care and prevention. We also seek to reflect about the socio-emotional effects caused by the lack of clear information, and how this may risk causing excessive concern and panic. In order to achieve that, we adopt a qualitative perspective of investigation stemming from the collection of testimonies from deaf people about their experiences in the context of the pandemic. The testimonials, collected by means of a semi-structured questionnaire, allowed us to point out the urgency for greater accessibility in the media context, and the risks resulting from the absence of accurate information both for deaf and hearing people.