Resumo Em Aikanã e Kwazá, línguas isoladas vizinhas em risco de extinção, faladas em Rondônia, Brasil, as orações podem conter cadeias de cláusulas mediais que terminam com um predicado em um modo da oração matriz, como declarativo, interrogativo etc. Em Kwazá, narrativas tradicionais podem consistir em uma unica sequência comprida de orações mediais, terminada por uma expressão formuláico no modo declarativo. Em ambas as línguas, a (des)continuidade do sujeito é expressa por um sistema de referência alternada, que indica no predicado da oração atual se o sujeito da oração seguinte será diferente. Neste artigo descritivo, apresento o mecanismo de referência alternada em Aikanã e Kwazá. Entre as diferenças, discuto casos de referência trocada, a qual parece expressar descontinuidade de tópico em vez de descontinuidade de sujeito, em Kwazá. Além disso, analiso a natureza antecipatória do sistema Kwazá. Como recurso especial deste artigo, incluo duas versões de uma narrativa mitológica tradicional, originalmente contada em Aikanã e posteriormente recontada em Kwazá, como ilustração de encadeamento de cláusulas e referência alternada, por meio de um texto coerente e culturalmente relevante.
Abstract In Aikanã and Kwaza, neighbouring endangered isolate languages of Rondônia, Brazil, sentences can include chains of medial clauses and end with a predicate in a matrix sentence mood, such as declarative, interrogative etc. In Kwaza, traditional narratives may even consist of a single long string of medial clauses, terminated by a fixed formula in the declarative mood. In both languages, subject (dis)continuity is expressed by a switch-reference system that indicates on the predicate of the current clause whether the subject of the next clause will be different or not. In this descriptive article I present similarities and differences between the systems of switch-reference in Aikanã and Kwaza. Among the differences, I discuss cases of formally marked switch-reference that appears to express topic discontinuity rather than subject discontinuity, in Kwaza. Also, I analyse the unusual anticipatory nature of the Kwaza system. As a special feature of this article I include two versions of a traditional mythological narrative, originally told in Aikanã and later retold in Kwaza, to illustrate clause chaining and switch-reference through a coherent and culturally relevant text.